CD
Mosquito
Yeah Yeah Yeahs. Universal Music. R$ 27.90. Indie rock.
O mosquito do trio nova-iorquino formado por Karen O., Nick Zinner e Brian Chase não é daqueles que perseguem suas vítimas e as deixam encurraladas. Pelo contrário: é um inseto bastante pacífico, que não tenta voar muito alto mesmo que tenha os recursos necessários para isso. Apesar do primeiro single, "Sacrilege", que mistura elementos do punk às vozes de um coral gospel, ter dado a entender que o quarto álbum do grupo seria inesquecível em grande parte por causa do intenso, provocativo e excelente videoclipe produzido pelos franceses do Megaforce, que traz a modelo britânica Lily Cole protagonizando uma história de luxúria e hipocrisia , ele não chega a ser muito marcante.
Mosquito foi lançado uma década depois do álbum de estreia do grupo, Fever to Tell, responsável pela projeção internacional do Yeah Yeah Yeahs. De lá para cá, é possível perceber que o som da banda amadureceu, chegando agora à "meia-idade". Em vez de canções eletricamente contagiantes como as veteranas "Date with the Night", de 2003, e "Heads Will Roll", de 2009 , o que se ouve é uma série de baladas lentas, como "Always", "These Paths" e "Subway" que, mesmo interessantes, não têm o mesmo poder de sedução que outros hits lançados no passado, como "Maps" e "Gold Lion".
Há espaço para a brincadeira neste disco, como evidenciado pela faixa-título e por "Area 52". Enquanto a primeira fala diretamente sobre o inseto bebedor de sangue ("Eu vou sugar seu sangue"), a outra trata de alienígenas ("Eu quero ser um alienígena/ Leve-me, por favor, alienígena"), o que evidencia a preservação, ainda que comedida, da irreverência originária do trio.
A trajetória quase monótona traçada por Mosquito pode não ter sido a esperada pelos fãs, mas pode ser encarada com bons olhos. Afinal, uma banda não sobrevive fazendo a mesma coisa por muito tempo, e a experimentação, mesmo que nem sempre bem-sucedida, pode gerar melhores resultados no futuro. O quarto álbum de estúdio do Yeah Yeah Yeahs é melhor digerido quando visto como uma pupa, em vez de um inseto formado. Resta esperar que, na próxima vez, eles consigam retornar às alturas e picar todo mundo: do jeito que a gente gosta.
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