Nova York - Com Uma Aventura na África, de 1951, John Huston ressuscitava duas grandes estrelas cujas carreiras tinham começado a declinar junto com o glamour de Hollywood nos anos pós-Segunda Guerra. Humphrey Bogart, que atuara no primeiro filme de Huston como diretor, O Falcão Maltês, estava na descendente, fazendo papéis exagerados de homens de meia-idade com irritante tendência a usar gravatas-borboletas e dados a atitudes nobres e cívicas. E Katharine Hepburn havia abandonado sua persona protofeminista dos anos 30 e passado a interpretar, em série, esposas honestas e sofredoras em vários dos melodramas cada vez mais derramados dos estúdios MGM (à exceção do delicioso A Costela de Adão, de 1949).
A partir de um romance de C.S. Forester, Huston escalou Bogart como o capitão Charles Allnut, sebento, barba por fazer, no comando do Rainha da África, um pequeno vapor lançado às rotas de comércio fluvial da África Oriental Alemã (atual Congo) em 1914. Hepburn, o cabelo puxado na testa e preso atrás, o pescoço esbelto num colarinho alto típico da Era Vitoriana, faz Rose Sayer, a irmã solteirona de um pomposo missionário inglês (Robert Morley). Quando as tropas alemãs destroem o lugar, levando seu irmão a um colapso fatal, a enfastiada Rose fica sem outra escolha a não ser ceder ao bebedor de gim Charlie, embarcando no estrepitoso barco comandado por ele para descerem o rio até o Lago Tanganyika, onde um barco-patrulha alemão os aguarda.
Com os atrativos das locações (ainda intocadas e de difícil acesso na época), de uma soberba cinematografia em Technicolor assinada por Jack Cardiff e de um roteiro escrachado de James Agee, Uma Aventura na África se tornou sucesso de público e crítica. A entusiástica auto-paródia de Bogart lhe rendeu seu único Oscar, e o filme estabeleceu um novo tipo de personagem para Hepburn, o da virgem de meia-idade que encontra acolhida em homens durões, um tipo que ela interpretaria até o fim da década.
Apesar de sua popularidade duradoura, Uma Aventura na África não estava mais disponível em formato caseiro, aparentemente porque as condições do material original eram ruins. Mas agora a Paramount, coloca no mercado uma versão em DVD Blu-ray (e também com definição padrão) gerada a partir da restauração digital do negativo britânico.
A edição "comemorativa" inclui um CD com uma transmissão do Lux Radio Theater em que Bogart interpreta seu papel contracenando com Greer Garson; um kit com oito fotografias; uma edição em miniatura das memórias de Hepburn; e uma reprodução de quatro quadros em 35 milímetros do filme. Por trás de tudo isso está um belo esforço da Paramount, um estúdio cujos títulos de arquivo merecem mais esse tipo atenção o que, com sorte, deve continuar a acontecer.
Serviço
DVD Uma Aventura na África (The African Queen. Reino Unido/EUA, 1951). Direção de John Huston. Aventura. Paramount. 105 min. Preço médio: US$ 25,99 e US$ 39,99 (Blu-ray).
Tradução de Christian Schwartz.
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