Brasileiros, só nas atrações paralelas
Cannes Primeiro, foi a decepção, quando nenhum filme brasileiro foi indicado para participar da mostra competitiva do 60.º Festival de Cannes. À medida que foram sendo anunciadas as seções (e atrações) paralelas, o Brasil começou a aparecer. Confira:
A VIA LÁCTEA Segundo longa de Lia Chamie (de Tônica Dominante) terá a honra de abrir a Semana da Crítica.
CHACUN SON CINÉMA Walter Salles assina um dos curtas-metragens de até três minutos que o festival encomendou a 35 diretores de todo o mundo para comemorar seus 60 anos.
LIMITE O clássico de Mário Peixoto será exibido na seção Cannes Classics e na inauguração da World Cinema Foundation, criada por Martin Scorsese para preservar obras-primas ameaçadas.
MUTUM Sandra Kogut encerra a Quinzena dos Realizadores com seu filme adaptado de Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa.
SALIVA O curta de Esmir Filho está na Semana da Crítica. No ano passado, ele recebeu um prêmio especial de roteiro por outro curta, Alguma Coisa Assim.
UM RAMO Outro curta brasileiro selecionado para a Semana da Crítica. É dirigido por Juliana Rojas e Marco Dutra, que já estiveram em Cannes, em 2005, com O Lençol.
THE LAST 15 Curta de Antônio Campos concorre à Palma de Ouro da categoria. O diretor mora nos EUA e já foi premiado na CinéFondation.
O BANHEIRO DO PAPA A 02, de Fernando Meirelles, produz este filme brasileiro/uruguaio dirigido por Enrique Fernández e César Charlone. O segundo, nascido no Uruguai, mora no Brasil, onde fotografou Cidade de Deus, que foi indicado para o Oscar da categoria.
O 60.º Festival de Cannes segue até o dia 26, tem 22 filmes em competição, quatro fora dela e outros 20 na mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar). A partir desses, o crítico de cinema Peter Bradshaw, do jornal britânico The Guardian, montou uma seleção dos dez títulos mais promissores da edição 2007.
O americano Moore venceu a Palma de Ouro três anos atrás com o libelo anti-Bush Fahrenheit 11 de Setembro, que o transformou em uma espécie de lenda-viva, igualmente amado e odiado por muitos. Com Sicko (fora de competição), ele faz um raio-x do sistema de saúde americano, longe de ser exemplar para o resto do mundo embora os EUA sejam a única superpotência do planeta.
O britânico Michael Winterbottom (O Beijo da Borboleta) apresenta, hors-concours, o seu A Mighty Heart, estrelado por Angelina Jolie no papel de Mariane Pearl, mulher do repórter Daniel Pearl, do The Washington Post, seqüestrado e morto no Paquistão por extremistas islâmicos em 2002.
Prova de Morte, novo trabalho de Quentin Tarantino, foi lançado nos EUA junto com Planeta Terror, de Robert Rodriguez. A dupla ganhou o título de Grindhouse, um tributo às produções B dos anos 70. Por motivos comerciais, os produtores decidiram separar os dois filmes que juntos somavam 3h11 de duração. A primeira conseqüência dessa manobra foi a seleção instantânea do longa-metragem de Tarantino para a mostra competitiva de Cannes. O filme pode ser cansativo, mas o diretor tem um modo de mobilizar tanto fãs quanto detratores graças a sua genialidade.
Wong Kar-Wai, mestre chinês adorado em Cannes, conhecido por entrar no evento sempre na última hora levando os organizadores a remarcar tudo para poder encaixá-lo , apresenta My Blueberry Nights, seu primeiro filme falado em inglês.
Nele, o diretor de 2046 conta a saga de uma jovem problemática que embarca numa viagem para tentar colocar sua vida nos eixos. Norah Jones pode preocupar no papel principal, mas o filme, que abriu a competição ontem, carrega uma quantidade enorme de boa intenção.
No Country for Old Men, dos irmãos Joel e Ethan Coen, tem como base o livro Onde os Velhos Não Têm Vez (Alfaguara/Objetiva), de Cormac McCarthy, sobre uma transação de drogas que acaba muito mal.
The Man from London, do húngaro Bela Tarr, se inspira em romance de Georges Simenon sobre o oficial de uma estação de trem que observa um homem se envolver em um encontro violento com sujeito de aparência suspeita.
Control, cinebiografia de Ian Curtis (1956 1980), vocalista do Joy Division que cometeu suicídio, marca a estréia no cinema de Anton Corbijn, fotógrafo e diretor de videoclipes.
Da Rússia, Alexander Sokurov (Arca Russa) volta a Cannes com Alexandra, sobre a invasão dos russos na Chechênia. Garage, do irlandês Lenny Abrahamson, se apresenta como o estudo delicado de um sujeito tímido de meia-idade que vive no oeste da Irlanda à procura de amor.
Nicolas Philibert é dos poucos francófonos selecionados para Cannes. O documentário Back to Normandy promete ser mais misterioso e cerebral que Ser e Ter, seu trabalho anterior. O cineasta revisita o caso de Pierre Riviere que, na Normandia de 1835, matou a mãe, a irmã e o irmão. Philibert aborda o tema a partir de entrevistas com pessoas que participaram de um filme feito sobre o crime em 1976.
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