Herança
Saiba mais sobre o legado de Vilanova Artigas:
Curitiba
São apenas três construções:
Casa Niclevicz Rua Lourenço Mourão, 58 Seminário
Hospital São Lucas Avenida João Gualberto, 1.946 Juvevê Casa Bettega Rua da Paz, 479
Londrina
Estação Rodoviária
Cineteatro Ouroverde
São Paulo
Há cerca de 400 obras em pé, entre elas:
Estádio do Morumbi
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP
Diversas casas modernistas
Muitas escolas públicas
A arquiteta Giceli Portela não esperava que, ao restaurar uma das únicas casas modernistas que restam em Curitiba e ali instalar seu escritório, fosse receber reclamações em sua página na internet de pessoas que desejavam visitar o local nos fins de semana e davam com a porta fechada. Entusiasta da obra do autor do projeto, o curitibano radicado em São Paulo João Batista Vilanova Artigas (19151985), ela acaba de inaugurar uma pequena sala dentro da casa que servirá de memorial ao mestre. O espaço, assim como a casa, onde funcionará uma livraria e um café, ficará aberto aos sábados e domingos, das 10 às 17 horas.
"Queremos que as pessoas saiam do Mercado Municipal [situado a uma quadra da casa] e venham visitar", anima-se.
Em exposição, itens pessoais como uma gravata-borboleta de bolinhas de Artigas, móveis, as lapiseiras de trabalho, uma prancheta em cujas gavetas estão as marcas de seu carimbo, seis desenhos originais, um dos móbiles que ele fazia nas horas livres e o manuscrito do discurso O Desenho, proferido por ele em sua aula inaugural na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em 1967 e no qual fala sobre a crescente importância da arquitetura, à época: "As artes ganham, cada vez mais, raízes novas na vida social".
A casa em que está localizado o memorial foi projetada em 1949 e erguida em 1953 para um amigo de Artigas, o médico Jão Luiz Bettega, que ali morou até sua morte, em 1996. Por motivos burocráticos, o imóvel ficou oito anos fechado, até o restauro em 2003 e o tombamento em 2004. "Estava cheia de mendigos que faziam até fogueiras ali dentro", conta Giceli.
Para quem passa apressado, talvez a casa nunca tenha chamado a atenção. Mas o olhar mais demorado revela a construção de fortes traços modernistas, um primor numa cidade que preservou poucas dessas obras construídas entre os anos 40 e 60.
De fora, as grandes dimensões quadradas e a ausência de ornamentos escondem outro tipo de detalhe: a abundância de colunas, o pé direito duplo, a iluminação natural com muito vidro.
Quem ainda não viu, terá a oportunidade de entrar no imóvel todo fim de semana.
Centenário
O lançamento do memorial antecipa a comemoração do centenário de Artigas, em 2015, quando devem ser editadas novas obras literárias sobre o arquiteto.
Apesar de ter se mudado cedo para São Paulo, onde estudou Belas Artes e Engenharia, ele é tido pela classe curitibana como prata da casa. São poucas as suas obras por aqui, porém. "O curitibano achava estranha a arquitetura modernista. Ninguém queria morar num caixote", explica Giceli.
Na capital paulista, Artigas ajudou a fundar a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em 1948, e, na década de 60, a promover importantes mudanças em seu currículo. Exilado por um breve período no Uruguai e depois impedido de lecionar pela ditadura militar, Artigas só voltaria à faculdade em 1979.
Serviço
Casa Vilanova Artigas. Rua da Paz, 479. Visitação aos sábados e domingos, das 10 às 17 horas. Entrada franca.
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