“Acredito em missão. A minha é fazer teatro para criança. Levo a sério isso. Faço pesquisa, monto peça e fomento a atividade. E sou grata por tudo o que a vida me deu, pelas oportunidades, pelos amigos e pela minha família.” Regina Vogue, atriz e produtora| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Saiba mais sobre a vida de Regina Vogue

Quando abandonou a casa dos pais, em Porto Alegre, e fugiu com um circo, Regina Vogue não sabia onde iria parar. Ela só não queria continuar parada. Lá se vão 50 anos e, hoje, Regina Vogue é sinônimo de artes cênicas. Mais que isso. Ela empresta o nome e o sobrenome para uma das mais charmosas e confortáveis salas de encenação de Curitiba, no Shopping Estação.

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Regina compara a vida a uma escalada (de montanha). É necessário, reconhece, estar em contínuo movimento. Caiu? Levanta, e continua. Seguiu? Então, não para.

Aos 65 anos, pela primeira vez na vida morando sozinha, ela se permite passar as manhãs em casa. Cuida de seus quatro cães e de uma gatinha. Medita, porque sabe que, se não der pausas, o corpo não aguenta.

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Ela se considera, atualmente, mais produtora do que atriz, apesar de já ter participado de dezenas de peças. Neste momento, faz parte do elenco de Cinderela, em cartaz no teatro que leva o seu nome.

Em setembro, durante as co­­memorações de suas "bodas de ouro" ("eu casei com o teatro"), vai estrear uma montagem a respeito de sua trajetória. Ela fará ela mesma na fase adulta. A Regina Vogue jovem será interpretada pela atriz Daphne Bozaski.

Eterna primavera

Os 50 anos de teatro de Regina Vogue serão celebrados, além da peça, por meio da edição de um livro, assinado por Viviane Bur­ger, previsto para ser lançado durante a primavera. A obra, anuncia Regina, tem a finalidade de recuperar os episódios mais relevantes e significativos de sua trajetória.

Regina acredita na força das palavras. Ela sabe que semelhante atrai semelhante e, por isso, evita pronunciar palavras de conotação negativa. "Só quero saber do que pode dar certo", diz, cantando e sorrindo.

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As inevitáveis adversidades da vida, a atriz-produtora transforma em piada. "Por isso, o livro vai tocar em questões as mais delicadas possíveis sempre com um viés de leveza", conta.

É Regina a responsável pela manutenção do teatro, que tem 326 cadeiras em 600 metros quadrados. Lava figurino, se for necessário. Costura luvas, camisas, o que for. Mas o administrador do espaço é o filho Adriano, de 36 anos. O outro filho, Mau­rício, 43, faz arte: canta, dança e ar-ra-sa (separado mesmo, para enfatizar!) quando representa qualquer personagem no palco.

Vinho, rosas e estrelas

O segredo para a exuberante saúde que ela irradia é a conhecida "uma taça de vinho por dia". Ou melhor, por noite. Some-se a isso a já mencionada meditação, e caminhadas diárias.

Ela conta que a sua escola foi uma longa temporada, mais de uma década, envolvido com o chamado "circo-teatro" ou "teatro de pavilhão". Em meio a essas intrépidas trupes, que se apresentam do jeito que dá, onde for necessário, correu o Brasil e aprendeu que é a emoção que deve guiar toda e qualquer performance.

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Durante as comemorações de seu cinquentenário artístico, oferecerá o palco para alguns amigos que ainda fazem acontecer o "teatro de pavilhão" de baixo de lonas ou teto de zinco no Brasil.

Regina tem total convicção de que qualquer pessoa pode aprender o que quiser. "Basta querer", completa. Ela se considera uma permanente aprendiz. Convive com profissionais experientes, mas jamais deixou de estabelecer diálogo e interlocução com as novas gerações. Acredita que essa troca é o que permite uma reciclagem continuada.

Ela só tem medo de uma coisa: de parar de aprender.

Mas a inquieta Regina não costuma se acomodar. Ela gosta de metáforas. Diz, então, que ela mesma pode ser um navio que chegou a Curitiba, aqui jogou as âncoras, que criaram raízes e, com algumas lágrimas no rosto, afirma: "Curitiba se tornou o meu porto seguro".