Nos últimos anos, a assinatura Almodóvar tem sido um sinônimo de qualidade no cinema. Desde A Flor do Meu Segredo (1995), quando deu uma virada na carreira, deixando de lado as comédias extravagantes para realizar películas mais sensíveis, o diretor espanhol conquistou e cativou uma enorme audiência global. Hoje, cada novo filme que realiza é aguardado com grande expectativa pelo público, que deseja se emocionar com as belas histórias que apresenta na tela. A espera foi grande no Brasil, mas finalmente esta semana estréia no país Volver, mais un film de Almodóvar (descrição tradicional da abertura de todas as suas produções).

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Depois de enveredar pelo universo masculino em Má Educação, o diretor retoma o olhar sobre a alma feminina que o consagrou em trabalhos como Carne Trêmula, Tudo Sobre Minha Mãe (Oscar de melhor filme estrangeiro) e Fale com Ela (Oscar de melhor roteiro original). Em Volver, Almodóvar homenageia a mãe e faz uma volta à infância no interior da Espanha, onde é ambientada a trama estrelada por Penélope Cruz e Carmem Maura, atriz que retoma a parceria com o diretor de pois de quase 20 anos – ela foi musa dos primeiros filmes do espanhol, como Maus Hábitos, Que Fiz Eu para Merecer Isto?, A Lei do Desejo e Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos.

A bela Penélope, em iluminada interpretação, vive Raimunda, que retorna todo ano à pequena cidade natal para ajudar a limpar os túmulos do pai e da mãe, mortos em um incêndio – tarefa que é realizada ao lado da filha adolescente Paula (Yohana Cobo) e da irmã Sole (Lola Dueñas). Em uma das idas ao local, as mulheres vão visitar uma tia e percebem que ela tem a casa toda arrumada, apesar de sua senilidade. Sole tem uma visão da mãe Irene (Maura), que confessa tomar conta da irmã doente. A família retorna a Madrid e não percebe que a morta viajou secretamente no porta-malas.

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Como é comum nos filmes de Almodóvar, há muitos segredos a serem revelados ao longo da trama – mas desta vez, eles são mais facilmente perceptíveis. Outros elementos tradicionais das histórias criadas pelo cineasta também se fazem presentes: uma certa dose de humor; personagens femininas fortes, que precisam superar as atitudes de seus homens cafajestes ou ausentes; o forte uso das cores nos cenários e roupas.

Volver não revela grandes surpresas estilísticas, sendo inferior aos já citados filmes anteriores do cineasta, mas ainda assim é muito agradável de ser acompanhado. Almodóvar está virando uma espécie de Woody Allen. Mesmo seus filmes não tão brilhantes estão muito à frente da maioria do que é produzido atualmente. A assinatura do espanhol, assim como a do cineasta novaiorquino, é uma alento para quem aprecia o bom cinema. GGG1/2