Scarlett Johansson de vez em quando deixa os blockbusters de lado para apostar em um filme independente. A atriz, entretanto, exagerou ao topar ser a única protagonista da ficção científica Under the Skin, do inglês Jonathan Glazer (Sexy Beast): o filme apresentado ontem na mostra competitiva do Festival de Veneza foi o mais vaiado do evento.
Não que Scarlett não se esforce. No papel de uma misteriosa mulher que caça homens solitários pela Escócia e os leva para um destino ainda mais estranho, a atriz precisa interpretar com diálogos mínimos, expressões frias e muita nudez características pouco encontradas em sua filmografia mainstream.
"Na verdade, ela é bem parecida com a Viúva Negra", brinca a atriz referindo-se a seu papel em Os Vingadores. "Falando sério, desde o começo eu sabia que qualquer ideia preconcebida sobre como interpretar essa personagem era irrelevante. Foi como treinar um cão e colocar atributos humanos a ele. Foi aterrorizante."
O problema de Under the Skin é sua pretensão visual, que culmina em um abismo niilista que nem dez Scarlett Johansson nuas salvariam do desastre. Baseado no livro homônimo de Michel Faber, de 2000, o filme tenta fazer um estudo sobre desejos os homens são todos atraídos por Scarlett, que é uma alienígena em busca de carne na Terra (sim, você leu corretamente) e sobre isolamento, detritos sociais, já que as vítimas desaparecem com facilidade e sem repercussão.
"Não trabalho com subtextos. O que quis passar era a visão de uma alienígena em nosso mundo, vendo tudo pela primeira vez", diz o diretor. "Gosto de forçar os limites o máximo possível e esse filme exigia uma experiência sensorial, não diria experimental."
Glazer é um cineasta que acredita ser o novo Stanley Kubrick. Nem o fracasso crítico e financeiro de Reencarnação (2004), uma das produções mais vergonhosas da década passada, serviu de lição para o britânico, que ganhou notoriedade pela estreia no violento Sexy Beast após criar vídeos para Nick Cave, Radiohead e Blur. E talvez seja desse modo que Under the Skin deva ser encarado: como um grande clipe com uma mulher linda nua várias vezes. Mas para isso já temos "Blurred Lines", de Robin Thicke.
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