O concerto de abertura da Oficina de Música de Curitiba será acompanhado, mais uma vez, por suspiros de alívio dos organizadores. Embora já esteja em sua 24.ª edição e seja um dos mais importantes festivais de música erudita do país – e, provavelmente, da América Latina –, o evento vem vencendo obstáculos anualmente para garantir sua permanência no calendário cultural. Neste ano, além da troca de direção artística de última hora, o orçamento só foi garantido quando a programação precisava estar fechada. Apesar de tudo, as coisas funcionaram, na base do empenho e da determinação. E, mais uma vez, o primeiro grande evento musical da cidade acontece a partir de hoje.

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A novidade do ano é a fase dedicada à música eletrônica. Haverá cursos para discotecagem. Mas a idéia básica, na verdade, é falar sobre gravação e produção de discos. "Estive em Berklee, uma das principais escolas de música do mundo, e eles estão investindo nesse lado também. Ensinar a produzir e a gravar é uma conseqüência natural das aulas de música", comenta Janete Andrade, a nova diretora artística da oficina. Janete, que começou a carreira na música como aluna da oficina, na década de 70, é uma das principais organizadoras das últimas cinco edições. Em outubro, depois da fase tumultuada que culminou com a saída do oboísta Alex Klein da direção artística, ela assumiu a função.

Desde então, Janete esforçou-se para garantir que o evento saísse dentro dos padrões que já foram estabelecidos. Conseguiu que a prefeitura garantisse a verba de aproximadamente R$ 900 mil – o mesmo do ano passado. Antes, estavam previstos R$ 500 mil – fator que levou Klein a sair de seu posto. Depois, tentou restabelecer os contatos com os professores e garantir a programação. "Seria uma pena não manter o evento do jeito que é", afirma Janete, que acompanha a oficina desde as primeiras edições. A diretora agora pensa em fazer um movimento para a criação de uma lei que garanta a realização regular do evento, como acontece com a Bienal de São Paulo, por exemplo. "É preciso que os vereadores transformem esse evento em uma política de estado", afirma ela.

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A grande perda em relação aos anos anteriores foi o cancelamento da fase de música antiga neste ano. Segundo Janete, trata-se de um dos pontos mais caros da oficina, já que a maioria dos professores de bom nível nessa área precisa ser trazida de fora do país. Para o ano que vem, no entanto, quando serão comemorados 25 anos de oficina, a música renascentista e barroca deve voltar com força. Por enquanto, a fase música erudita se dedicará às composições do século 18 em diante.

Outra grande mudança para 2006 é a aposta na periferia. Serão 15 cursos oferecidos nas Ruas da Cidadania. Os temas vão desde teoria musical até prática de instrumentos. Haverá aulas de violão, violino, técnica vocal, percussão e bateria. O valor das inscrições para esse cursos é de apenas R$ 10 para cada aluno, enquanto nos outros cursos são cobrados R$ 100. "Já vínhamos investindo nos bairros, mas desta vez estamos fazendo bem mais cursos fora do Centro", conta Janete.

Concertos

O primeiro concerto da oficina será às 20 horas de hoje, no Guairão, com os St. Petersburgen Virtuosen. O trio fará uma homenagem ao compositor russo Dimitri Shostakovitch (1906-1975), que tem seu centésimo aniversário celebrado em todo o mundo neste ano. Eles tocam também um trio do alemão Johannes Brahms. Os ingressos custam R$ 40, ou R$ 20 para quem levar uma lata de leite em pó. Na grande maioria dos 38 concertos, os ingressos custarão R$ 10.

O concerto de abertura da fase de MPB está marcado para amanhã, às 21 horas, no Teatro da Reitoria. A Orquestra à Base de Corda do Conservatório de MPB fará um programa de celebração dos cem anos do nascimento do compositor brasileiro Radamés Gnatalli e tocará músicas de Pedro Amorim. Quem quiser mais informações sobre os cursos e sobre os concertos, pode acessar o site oficial do evento, em www.oficinademusica.org.br

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