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A partir de hoje, quem chegar a Curitiba pelo aeroporto Afonso Pena, poderá ficar surpreso ao se defrontar com uma vaca de fibra de vidro disposta no meio do saguão de desembarque. O "animal" chama-se Varca de Noé e é uma das 30 peças que integram a primeira Cow Parade de Curitiba. Até o final de janeiro, o evento exibirá diferentes variantes de vacas criadas por artistas locais. Depois, todas serão leiloadas e o dinheiro será doado à Pastoral da Criança.

Curitiba é a terceira cidade brasileira a receber o projeto, depois de São Paulo e Belo Horizonte. Foi também a capital que recebeu o maior número de inscrições. Cerca de 701 artistas enviaram projetos propondo-se a interferir nas vacas de fibra de vidro. Ao todo, 40 foram selecionados, porém apenas 30 chegaram a concretizar as suas idéias. A causa é a baixa adesão do empresariado local, pouco disposto a patrocinar o evento, como mostrou anteontem reportagem do caderno de Economia da Gazeta do Povo.

A empresa que quisesse aderir à iniciativa teria de desembolsar R$ 35 mil, podendo abater o valor equivalente no imposto de renda, graças ao benefício da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). Os R$ 35 mil cobrem os custos de instalação das vacas e a remuneração das coordenadoras."Fica um pouco de frustração, porque menos vacas serão leiloadas", diz a coordandora do evento, Catherine Duvignau.

A Cow Parade foi iniciada em Chicago, EUA, em 1999, quando artistas foram convidados a trabalhar em três modelos de vacas criadas pelo suíço Pascal Knapp. Também em Curitiba, os selecionados puderam escolher entre os três modelos: a vaca deitada; a vaca de pé e de cabeça erguida; ou a vaca de pé e cabeça baixa.

A Varca de Noé disposta no Aeroporto Internacional Afonso Pena é referência direta à narração bíblica sobre a Arca de Noé, que teria garantido a sobrevivência das espécies nos tempos do Dilúvio. "Tive a idéia em apenas dois dias. No site mundial do evento vi muitas vacas pintadas, muito iguais. Então resolvi começar pela palavra vaca até chegar ao conceito de ‘varca’", conta a autora, Maria Cecília Zaina. Sua vaca ganhou escotilhas que mostram uma série de animais dispostos nas beiradas. "É uma vaca brotando bichos", afirma a autora, que executou o projeto visando ao público infantil.

O trabalho de André Malinski também é de conotação espiritual e religiosa, dentro das linhas de atuação que o artista já vinha desenvolvendo. A sua Vaquinha de Presépio estará disposta no Parque Barigüi. O modelo cabisbaixo pintado de azul recebeu aplicação de rendas e pedras, mesclando representações do sagrado e religioso na cultura popular e no carnaval. "Dediquei muito trabalho ao chifre da vaca, procurando dar uma sensação de movimento. Ao mesmo tempo que está de cabeça baixa, ela parece pronta para chifrar. Ficou dúbio", conta Malinski.

Outras 28 vacas estarão dispostas em espaços públicos (como terminais de ônibus e ruas) ou privados (shopping centers) até o dia 29 de janeiro. O evento é de execução única, ou seja, provavelmente não terá outras edições na cidade.

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