Marina canta sambas e congas, marchinhas e habaneras, baiões e afoxés| Foto: Divulgação/Roberta Gold

Repertório

Entre canções brasileiras e cubanas, Marina de La Riva registrou em DVD

- "Central Constancia"

- " Mariposa (Butterfly)"

- " Pedacito de Cielo"

- " Aos Pés da Cruz"

- " Drume Negrita"

- " Pensamiento" – Citação: Para Mi Corazon Basta Tu Pecho

- " Adivinha o Quê"

- " Ojos Malignos"

- " Ta-Hi"

- " Tin Tin Deo"

- " Si Llego A Besarte"

- " Este Mal de Amor"

- " Se Essa Rua Fosse Minha"

- " Bloco do Prazer"

- " Adeus Maria Fulô"

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A mais cubana das cantoras brasileiras condensou sua trajetória de menos de uma década de carreira nos CD e DVD Marina de La Riva ao Vivo em São Paulo, gravados no Teatro Bradesco, ano passado, e agora distribuídos pela Universal Music Brasil.

Cantando em português e em espanhol, sob uma atmosfera de inspiração noir e jazzística, Marina de La Riva contempla o repertório acumulado desde sua estreia fonográfica, em 2004, como "Ojos Malignos", misturado a novidades.

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Intuitivamente, aproxima o samba "Aos Pés da Santa Cruz", a pop "Advinha o Quê" e a cantiga "Se Essa Rua Fosse Minha", representantes de sua matriz tupiniquim, à inédita "Este Mal de Amor" (José Antonio Castilho), que conheceu ano passado, em um festival cubano de boleros.

Flor branca no alto dos longos cabelos negros ondulados, vestido preto de caimento rodado até os pés, a bela mulher, de 37 anos, faz charme, pisca, roda a saia e justifica o apelido de Mariposa (em espanhol, borboleta), em um cenário sem maiores atrativos do que a presença dela em frente à banda.

Teve como convidados o filho Paulo Flecha de La Riva, então com 13 anos e com iniciativa bastante para recriar o arranjo de "Pensamiento" (que ele achava chato), colocando sua guitarra pop. Andreas Kisser (guitarrista do Sepultura) e Puppilo (baterista da Nação Zumbi) fizeram participações ainda mais inusitadas. O primeiro toca de baião a habanera, enquanto o outro experimenta também baião e uma marcha-frevo.

Graça

Marina não é uma intérprete especialmente inspirada nem uma cantora no domínio absoluto da técnica. Sua graça está no timbre quente aveludado que se destaca em músicas de andamento mais lento, como "Pedacitos de Cielo" (Frank Dominguez). Na energia igualmente calorosa a compensar imperfeições do canto em outras suingadas, a exemplo de "Adeus Maria Fulô" (Sivuca e Humberto Teixeira) – entrecortada sedutoramente por um trecho de "La Mulata Chancletera/Habanera". Sobretudo, ela conquista pelo vaivém entre os dois países de rica tradição musical, costurando ritmos, sambas e congas, marchinhas e habaneras, baiões e afoxés.

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Este DVD, dirigido por Décio Matos Jr., é o segundo trabalho em uma carreira iniciada no princípio da década, com passagem pelo grupo Alta Fidelidade, no qual cantava jazz. A estreia solo aconteceu em 2004, quando Marina fez sua primeira visita a Cuba e gravou um disco que leva seu nome. Reinterpretava clássicos daquele país, como "Drume Negrita" (Ernesto Grenet), mas também a brasileiríssima "Ta-hi". O CD, porém, só saiu do estúdio para as lojas em 2007.

O pai e o avô, cubanos, deixaram o país de Fidel Castro depois da revolução comunista. Em 1959, partiram para Miami e, em 1964, chegaram ao Brasil. Marina é brasileira nascida no Rio de Janeiro, filha de mineira.Cresceu no interior fluminense, de onde foi embora somente aos 21. Na casa no campo havia, além da melancolia de uma família exilada, uma sala de música. E momentos diários de desfrutar o canto de Maysa (de quem era fã), boleros, rumbas e outras canções cubanas entoados pelo pai depois do jantar, determinantes em sua formação. Em tom de documentário, o DVD revela imagens da viagem de Marina até Cuba, em busca dessas raízes.

Serviço: DVD Marina de La Riva ao Vivo em São Paulo. Universal Music Brasil. R$ 43. GGG