Alessandro Yamada dirige Renet Lyon, que vive o protagonista de Vladson| Foto: Renata Peterlini/Divulgação
Giovana Soar, Thadeu Peronne e Renet Lyon: mãe, pai e filho de uma família sofrida

Esqueça dos vampiros politicamente corretos da Saga Crepúsculo. O protagonista de Vladson, telefilme de uma hora de duração que está sendo gravado em Curitiba, também é jovem – e se alimenta de sangue. Mas as semelhanças com a série de longas-metragens adaptada da quadrilogia de romances da escritora norte-americana Stephanie Meyer param por aí.

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O personagem, vivido pelo ator Renet Lyon, nada tem de glamouroso, ou exatamente romântico. "Ele é proletário, chão de fábrica. Trabalha em um mercadinho da periferia", conta o diretor curitibano Alessandro Yamada, que escolheu locações em Piraquara, município da região metropolitana de Curitiba, e no bairro Sítio Cercado, na zona sul da cidade, onde diz ter encontrado um cenário e uma ambientação muito peculiares, alinhados com a proposta estética do filme.

"Lá há todo tipo de gente, áreas de invasão, pequenos negócios, e uma arquitetura irregular, muito peculiar, que me remeteu ao neo-expressionismo alemão", disse Yamada, referindo-se ao movimento que gerou clássicos como O Gabinete do Doutor Caligari, de Robert Wiene, e, é claro, Nosferatu, de Friedrich Wilhem Murnau, paradigma do cinema de vampiros. Ele acrescenta que nunca é dito que a história se passa em Curitiba. "Pode ser aqui, ou em qualquer grande centro urbano do país."

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O roteiro de Vladson foi escrito a quatro mãos por Eduardo Gameiro e pelo cineasta Marcos Jorge, diretor dos longas Estômago e Corpos Celestes, este último assinado em parceria com o realizador Fernando Severo. Yamada, arquiteto de formação, há vários anos vem trabalhando em projetos da Zencrane Filmes, empresa de Jorge e sua esposa, a produtora Claudia da Natividade.

Já experiente atrás das câmeras em filmes publicitários, Yamada foi uma aposta dos roteiristas e dos produtores, Claudia e Max Leean, para dirigir Vladson, um dos vencedores da edição 2012 do Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo, de R$ 180 mil, na categoria telefilme, destinada a projetos audiovisuais de uma hora para veiculação na telinha. A ideia é que o resultado, embora seja uma história autônoma, também sirva como piloto de uma série a ser negociada com um canal da tevê paga. Ainda não há previsão de sua primeira exibição pública justamente por conta dessa expectativa de que o filme ganhe o formato de seriado.

Para isso, o roteiro, conta Yamada, ao mesmo tempo oferece um desfecho que de certa forma resolve a trama, mas também um final aberto, que anuncia a possibilidade de desdobramentos.

O diretor explica que, embora Vladson seja uma história de vampiro, não é uma obra de terror. E, apesar de ter um protagonista no fim da adolescência, também não é uma obra destinada especificamente ao público teen.

O protagonista tem um vida difícil, sofrida. É filho do caminhoneiro desempregado Vladimiro (Thadeu Peronne), viciado em crack, e da caixa de mercado Sônia (Giovana Soar). Yamada conta que, embora tenha elementos de suspense e terror, o filme é muito mais um drama focado nas angústias e vicissitudes dos personagens. "Minha referência foi muito mais Linha de Passe, de Walter Salles, o drama de uma família suburbana, do que qualquer filme de horror."

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Até mesmo a transformação de Vladson, sobre a qual Yamada prefere não revelar detalhes, se dá aos poucos, de forma sutil. A proposta, mais do que assustar o público, é envolvê-lo.