Vários dias no museu

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Giovana Muniz tem 6 anos. Cita Cândido Portinari pelo sobrenome, lembrando que viu uma exposição do pintor no Museu Oscar Niemeyer (onde o "olho" é seu espaço preferido). A menina, que gosta também de dar as suas pinceladas, conheceu o MON em uma excursão de escola. E voltou para fazer parte da colônia de férias realizada no início deste ano. Vanessa Muniz, sua mãe, recorda da filha animada a lhe contar histórias de artistas, mostrando um livrinho em que havia completado as obras alheias com lápis e tinta.

A colônia de férias da qual Giovana participou será reeditada no MON durante a segunda quinzena de janeiro de 2010. A partir do dia 19, as atividades começam com uma visita monitorada por uma das exposições em cartaz. Travado o contato direto com as criações de artistas como o paisagista e pintor Burle Marx, o grupo estará preparado para seguir o exemplo: uma das tarefas planejadas será elaborar seu próprio canteiro em um vaso e traduzi-lo em pintura, sob o olhar da artista plástica Danielly Sandy. Antes do fim do dia, há tempo ainda para o lanche e uma atividade lúdica (contação de histórias, teatro ou recorte e colagem).

Ajustes

Em 2010, a colônia sofre alguns ajustes. Para começar, a faixa etária mínima sobe dos 4 para os 5 anos. E a máxima é estabelecida: 12 anos. Muda também o planejamento do dia a dia. "No ano passado, não tínhamos eleito um programa para os 15 dias. Agora, tem continuidade para conhecer praticamente todo o museu e experimentar quatro categorias artísticas – pintura, gravura, modelagem e recorte e colagem", promete a coordenadora de ação educativa do MON, Rosemeri Bittencourt Franceschi.

"Nossa preocupação é criar um público ativo e efetivo para o museu, desenvolver sensibilidades e as principais características para a pessoa ter um momento especial de fruição", diz a coordenadora.

Na cartilha, literalmente, não faltam instruções para prestar atenção ao monitor, não tocar nas obras nem comer ou correr pelo espaço. Pela experiência das férias passadas, Rosemeri constata que o público da colônia é eclético. A programação atrai desde frequentadores habituais até aqueles que, de passagem por Curitiba, nunca antes pisaram no MON.

Giovana não está em nenhum desses extremos. Foi mais algumas vezes ao museu, levada pela mãe, que diz: "Não sou muito ligada à cultura, mas a gente tenta falar um pouco sobre isso para ela. Quando vê os quadros e conhece a história do artista, consegue vivenciar e entender. É bom para a cabecinha dela. No dia a dia, não temos tempo. Lá, ela faz uma imersão", diz Va­­nessa.

Mais do que despertar a curiosidade da criança, a experiência do contato ativo com o museu pode ser uma chance de descobrir um gosto artístico latente. A arquiteta Adriana Carneiro, mãe de Felipe (8 anos) e Augusto Morrissy (11), investiu na ideia ao levar a duplinha para a colônia anterior: "Acho bom que participem para dar a oportunidade de desenvolverem alguma habilidade que possam ter, até porque sempre mostraram jeito, desde o jardim de infância."

Lembrança marcante para Augusto é, mais uma vez, a visita ao "olho" – ousadia arquitetônica que não impressiona apenas os pequenos. E mais: uma paisagem de Tarsila do Amaral e uma "obra de arame com bolinhas azuis e vermelhas". Já o irmão menor, quando a repórter lhe pergunta se recorda de ter participado da colônia de férias de janeiro passado (da qual fez parte sim, como comprova a fotografia), responde sem pestanejar: "não".

Serviço

Colônia de férias do Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999). 19 a 29 de janeiro, das 14h30 às 17 horas. Informações pelo telefone (41) 3350-4469 ou e-mail educativo@mon.org.br. Inscrições pelo site www.museuoscarniemeyer.org.br até 15 de janeiro. R$ 10 por dia (mais o lanche).