Literatura
Personagem - Vargas Llosa leva o Nobel
O peruano Mario Vargas Llosa (foto acima), de 74 anos, venceu enfim o Prêmio Nobel de Literatura, anúncio feito no dia 7 de outubro, depois de passar quase três décadas nas listas de possíveis escolhidos. O último latino-americano a levar a láurea da Academia Sueca havia sido o colombiano Gabriel García Márquez, em 1982.
Autor de mais de 30 livros, entre eles Conversa na Catedral e Travessuras da Menina Má, Vargas Llosa diz que o romancista tem a obrigação de sempre questionar a vida.
Leitor de Cervantes, William Faulkner e Gustave Flaubert a obra deste foi tema do livro A Orgia Perpétua , o peruano tem um espectro bastante amplo de temas, explorando gêneros literários distintos e abordando, na maior parte das vezes, o anseio do ser humano por liberdade e os voos permitidos pela imaginação. Seus livros no Brasil são publicados pelo selo Alfaguara, da editora Objetiva. O mais recente lançado no Brasil foi Saberes & Utopias Visões da América Latina.
O Jabuti da discórdia
A troca de farpas entre Sergio Machado, presidente da Record, e Luiz Schwarcz, diretor da Companhia das Letras, balançou o mercado editorial. O motivo foi o Prêmio Jabuti. Se Eu Fechar os Olhos Agora (Record), de Edney Silvestre, venceu na categoria romance. No entanto, Leite Derramado (Companhia das Letras), de Chico Buarque (que perdeu para Silvestre), foi apontado como o livro de ficção do ano. Machado sugeriu mudanças na premiação, para evitar que uma situação como a desse ano venha a se repetir.
Livros digitais ganham força
Este ano a livraria virtual Amazon anunciou que, pela primeira vez, os livros digitais superaram a venda dos livros de papel na loja. Criadora do leitor Kindle, pioneiro do setor, ela viu sua supremacia ameaçada pelo iPad, da Apple, um fenômeno de mercado que vendeu mais duas milhões de unidades só nos Estados Unidos e chegou ao Brasil no início de dezembro. Os e-books tiveram um 2010 forte e devem crescer ainda mais nos próximos meses, ainda que as editoras brasileiras estejam investindo de maneira tímida no formato digital.
Fim de uma era
O mundo da cultura brasileira perdeu, no dia 30 de janeiro, Wilson Martins, um dos mais importantes críticos literários do país. Nascido em São Paulo, em 1921, lecionou durante 26 anos na Universidade de Nova York, e escreveu obras de fôlego, como a História da Inteligência Brasileira. Durante seis décadas, assinou colunas em jornais, entre os quais O Estado de S.Paulo e Gazeta do Povo. Era polêmico e criticava livros, nunca autores.
Experimental
O escritor Wilson Bueno foi assassinado no dia 31 de maio, dentro de sua casa, em Curitiba. Nascido em Jaguapitã (PR), em 1949, ele escreveu livros com linguagem experimental, com destaque para Mar Paraguayo. No ano 2000, Bueno ganhou uma bolsa para produzir o romance Amar Te a Ti Nem Sei se com Carícias (Planeta). O governo de Minas Gerais acaba de publicar uma edição especial do Suplemento Literário em homenagem ao autor.
Visuais
Homenagens ao mestre
Uma série de homenagens iniciadas em novembro relembraram os 150 anos de nascimento do artista norueguês Alfredo Andersen (1860-1935), considerado "o pai da pintura paranaense" por ter sido o primeiro pintor que viveu no Paraná a formar discípulos, dentre os quais Theodoro De Bona (1904-1990) e Frederico Lange de Morretes (1892-1954). Há mostras retrospectivas em cartaz no Museu Alfredo Andersen e no Museu Oscar Niemeyer.
Bienal dos urubus
Marcada pelo bafafá gerado pelos urubus do artista Nuno Ramos, a proibição da obra do argentino Roberto Jacoby, que fazia apologia a então candidata à presidência Dilma Roussef, entre outras polêmicas, a 29ª Bienal de São Paulo terminou no início deste mês com público de apenas 530 mil pessoas. A fotógrafa gaúcha radicada em Curitiba Juliana Stein foi a única representante paranaense da mostra com a série de retratos "Sim e Não".
Painéis de Portinari
Seu principal trabalho segundo o próprio pintor paulista Cândido Portinari (1903-1962), os gigantescos painéis "Guerra" e "Paz", pintados na década de 50, retornam ao Brasil após serem mantidos por 53 anos em exibição na sede das Nações Unidas, em Nova York. A exposição das obras termina hoje, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e então elas passam por um processo de restauração.
Polêmica no Paraná
Uma das poucas exposições dedicadas à arte contemporânea paranaense produzidas pelo Museu Oscar Niemeyer esse ano, O Estado da Arte, causou celeuma entre os artistas do Estado ao se propor a mapear 40 anos de arte paranaense com obras de apenas 80 nomes. Os artistas que ficaram de fora reuniram suas obras em uma espécie de acervo virtual como um modo de se manifestar e de "escrever nossa história, independente de espaços expositivos, orçamentos milionários e publicações".
Música
Suburbanos
Após um disco inspirado pela morte (Funeral, de 2004) e outro por religião (Neon Bible, de 2007), a banda canadense Arcade Fire tornou-se a maior do mundo este ano ao falar da infância nos subúrbios em seu terceiro álbum, The Suburbs, lançado em agosto. O disco estreou no topo do ranking norte-americano Billboard 200, recebeu três indicações ao Grammy 2011 e encabeça as principais listas de melhores discos de 2010. Disputada a tapa por produtores brasileiros, a formação deve se apresentar no Brasil em setembro do ano que vem, no festival Rock in Rio.
Milionária
Aos poucos, a cantora e compositora norte-americana Taylor Swift domina o mundo. Eleita pelo sistema de informação Nielsen SoundScan como a artista country mais bem comercialmente sucedida da história foram mais de 16 milhões de álbuns vendidos ao redor do planeta Taylor lançou este ano seu terceiro disco, Speak Now, estreou no cinema (Idas e Vindas do Amor) e, de quebra, há rumores de um romance com o ator Jake Gyllenhaal (O Segredo de Brokeback Montain). Nada mal!
McCartney
A turnê internacional mais cobiçada a passar pelo Brasil em 2010 foi, sem dúvida, a do ex-Beatle Paul McCartney (foto 1), Up and Coming Tour. Ao lado de sua banda, o músico inglês fez três apresentações em solo nacional uma em Porto Alegre e duas em São Paulo, no mês de novembro que reuniram um público de quase 180 mil pessoas ao todo. Generoso, McCartney fez apresentações longas, de aproximadamente três horas, em que emocionou os fãs ao interpretar clássicos como "Magical Mystery Tour", "Eleanor Rigby", "Let It Be", "Live and Let Die", "Hey Jude" e "Yesterday". Uma pena que, dessa vez, Curitiba (ou melhor, a Pedreira Paulo Leminski) ficou de fora do roteiro, assim como nos shows de Metallica, Guns NRoses, Aerosmith, Beyoncé, Bon Jovi, Green Day e Black Eyed Peas, que também vieram ao país em 2010, mas sem escalas curitibanas.
Novo rock
2010 foi um ano e tanto para o rock brasileiro. A nova safra de bandas lançou ótimos discos e provou que a cena continua viva e efervescente. Merecem destaque os álbuns dos grupos Apanhador Só e Superguidis (RS), Garotas Suecas e Holger (SP), além do EP da curitibana Rosie and Me. A colorida banda Restart também conquistou seu espaço
Shimbalaiê
A cantora e compositora paulista Maria Gadú roubou a cena com a ajuda da canção "Shimbalaiê", incluída na trilha sonora da novela Viver a Vida, da Rede Globo. Despertou interesse de grandes da MPB, como Caetano Veloso e João Donato.
Bota e chapéu
O chamado sertanejo universitário nunca esteve tão na moda. 2010 consagrou a dupla Fernando & Sorocaba, e fez nascer o fenômeno Luan Santana.
Os centenários
Os sambistas Adoniran Barbosa, Noel Rosa, Haroldo Lobo, Antônio Gabriel Nássara e Armando de Lima Reis completariam 100 anos em 2010 e foram homenageados com um punhado de lançamentos que resgataram parte de suas obras.
Memória
Morreram os escritores J.D. Salinger (janeiro) e José Saramago (foto 2) (junho); os cineastas Claude Chabrol (setembro), Mario Monicelli (dezembro) e Blake Edwards (dezembro); os atores Corey Haim (março), Dennis Hopper (maio), Patricia Neal (agosto), Gloria Stuart (setembro) e Tony Curtis (setembro); o produtor de cinema Dino de Laurentiis (novembro); o montador de cinema Mauro Alice (novembro); os artistas plásticos Louise Bourgeois (maio), Wesley Lee Duke (setembro); o compositor e cantor Johnny Alf (março); e o produtor musical (Malcolm McLaren (abril).
Cinema
A pioneira
A cineasta norte-americana Kathryn Bigelow tornou-se a primeira mulher a vencer o Oscar de melhor direção por Guerra ao Terror, que também levou as estatuetas de melhor filme, roteiro adaptado, edição, som e edição de som. O drama retrata o dia-a-dia de um esquadrão antibombas no Iraque.
"Não há outra maneira de descrever isso: é o momento da minha vida."
Kathryn Bigelow (foto 3), ao receber o Oscar de melhor direção por Guerra ao Terror.Onda espírita
A cinebiografia Chico Xavier e o drama Nosso Lar, baseado em livro psicografado pelo médium mineiro, foram fenômenos de público nos cinemas brasileiros. Ambos os longas-metragens terminaram o ano entre as dez maiores bilheterias de 2010.
Recorde histórico
Valeram todas as precauções tomadas para que Tropa de Elite 2 (foto 4) não se tornasse refém da pirataria antes do lançamento. O segundo episódio da saga do comandante Nascimento (Wagner Moura) havia levado, até o início desta semana, 11 milhões de espectadores às salas de exibição. Esse número o colocou no topo da lista dos títulos brasileiros mais vistos de todos os tempos, desbancando Dona Flor e Seus Dois Maridos, que reinava absoluto desde 1976.
Da Tailândia
Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, do cineasta Apichatpong Weerasethakul, foi o primeiro filme tailandês a vencer a Palma de Ouro, no Festival de Cannes.
Teatro
"Eu estava pensando nos 15 minutos da minha vida que fizeram diferença no resto da minha vida."
Ranieri Gonzalez em Vida (foto 5), que estreou em março pela Cia. Brasileira de Teatro e foi um dos espetáculos mais elogiados do ano.
Unanimidade
Em apenas duas apresentações no Festival de Curitiba, In on It dirigida por Enrique Diaz planta um interesse renovador sobre as potencialidades de um teatro contemporâneo. Feito em concordância com a expectativa de compensação emocional do público, valorizando ao máximo os movimentos entre ficção e real propostos no texto do dramaturgo canadense Daniel McIvor.
Nelson Rodrigues
Memória da Cana, também no Festival de Teatro, armou-se no terceiro andar da Arena da Baixada uma casa de múltiplos cômodos separados por véus, dentro dos quais os espectadores se dividiam para assistir à encenação. Ao caírem os tecidos, a cana-de-açúcar cerca o ambiente com o odor doce e o assovio do vento. A ambiência altera o contato com a família desvairada que se perde em incestos, representada intensamente pelo grupo Os Fofos Encenam.
Grandes atrizes
Newton Moreno enveredou por costumes e tradições de um interior pobre para criar a fábula sobre duas senhoras carpideiras (Andreia Beltrão e Marieta Severo) que ludibriam a morte. Na essência, As Centenárias (foto 6), apresentada em Curitiba no mês de outubro, trata da difícil aceitação da finitude humana do medo de morrer e, antes, de perder. As duas atrizes modulam a voz, rearranjam a postura corporal e o andar como senhorinhas, e cantam no tom choroso particular das carpideiras.
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