Sandra Bullock já viajou no tempo em "A Casa do Lago", lançado no ano passado. Com "Premonition" (veja trailer), a sensação que o espectador tem é de déjà vu. Esse suspense confuso e pesado, que estreou neste mês nos EUA, gira em torno de uma esposa e mãe suburbana que certo dia é avisada de que seu marido morreu num terrível desastre automobilístico, mas que acorda no dia seguinte e o encontra vivo e muito bem.
Isso, porém, é apenas o começo deste filme, uma espécie de "Amnésia" logisticamente impenetrável que se torna mais confuso a cada momento que passa, enquanto a traumatizada personagem principal representada por Bullock procura fazer sentido de cada 24 horas de uma semana infernal. E, se ela tem dificuldade em fazer sentido de tudo, imagine só como o público vai se sentir.
À primeira vista, Linda Hanson (Bullock) parece ser uma daquelas mulheres que têm tudo: um marido bonito e atencioso (Julian McMahon, do seriado "Nip/Tuck"), uma bela casa e duas filhas lindas, até o dia em que fatos perturbadores a obrigam a enxergar mais além de sua vidinha confortável.
A teoria até parece viável, mas a mecânica que a leva a esse ponto é tremendamente confusa. O marido de Linda está realmente morto, ou o que ela ouviu foi apenas um aviso telepático? Ela está enlouquecendo, ou já enlouqueceu? E como sua filha mais velha ganhou todas aquelas cicatrizes feias no rosto?
Enquanto isso -- por razões que apenas o roteirista Bill Kelly e o diretor alemão Mennan Yapo parecem entender -- Linda acorda em diferentes dias não consecutivos da mesma semana, e, durante suas poucas e preciosas horas de lucidez, tenta reconstruir os fatos num calendário rabiscado às pressas.
O resultado é que a atriz normalmente simpática, confrontada com problemas gritantes de continuidade e das motivações incompreensíveis de sua personagem, acaba tendo uma atuação desagradavelmente confusa, levando o espectador a ter poucas razões para importar-se com a situação esdrúxula em que se encontra essa dona-de-casa desesperada.
A edição final deixa a atuação de Julian McMahon igualmente pouco convincente, e o resto do elenco, que inclui os ótimos Kate Nelligan e Peter Stormare, não tem oportunidades para exercer seu impacto usual.