A franquia "Velozes e furiosos" atravessa o Pacífico para chegar às corridas de automóveis envenenados na região de Tóquio, repleta de angústia existencial adolescente e cultura pop japonesa.
"Velozes e Furiosos 3 - Desafio em Tóquio", estréia desta sexta-feira (11), conserva a fidelidade a suas origens de filmes B.
A opção de abrir mão de qualquer conexão com os dois longas anteriores e transferir o conceito de garotas e carros quentíssimos para a exótica Tóquio se mostrou acertada para o produtor Neal H. Moritz.
"Desafio em Tóquio" não é grande coisa como filme, mas é diversão garantida. E daí se o trabalho reduz a cultura japonesa a uma versão barata da Yakuza e traz personagens japoneses que mal falam japonês? Os protagonistas são os carros, todo o resto se perde na tradução.
O público adolescente e jovem, especialmente o masculino, vai curtir a ação e as garotas asiáticas sensuais de "Desafio em Tóquio", e é provável que poucos espectadores se incomodem com o fato de o personagem principal ser um idiota.
O idiota em questão é Sean Boswell (Lucas Black), que fala com forte sotaque do Alabama, mas mesmo assim se irrita quando um jovem japonês o chama de "gaijin", ou estrangeiro. Na primeira sequência extensa do filme, que acontece em algum lugar chamado Red Neck, nos EUA, Sean paquera a namorada de outro sujeito e é desafiado para uma corrida de carro.
Em outra sequência, sua mãe é obrigada a mandar Sean passar algum tempo com seu pai, militar americano estacionado no Japão, para o jovem fugir das consequências legais da destruição provocada pela corrida. Ele paquera a namorada de ainda outro sujeito e é novamente desafiado, etc, etc.
Não apenas o rapaz se nega a aprender com seus erros, como o filme interpreta esses erros como qualidade positiva do personagem.
Sean destrói um Nissan Silvia S15 na segunda corrida e acaba tendo que trabalhar para o criminoso nipo-americano Han (Sung Kang). Tudo isso não passa de preparo para sua imersão no fenômeno das corridas de carro japonesas conhecidas como "drift".
Essas corridas incluem manobras audazes com as quais os pilotos descrevem curvas e reviravoltas perigosas nas montanhas da zona rural japonesa e nos estacionamentos do Japão urbano. Sean leva vários carros até a perda total antes de conseguir dominar a arte, mas, como todos os outros americanos transferidos ao Japão antes dele - basta pensar em Tom Selleck em "Um peixe fora d'água" ou Tom Cruise em "O Último Samurai" - ele não demora a superar seus mestres japoneses.
A trama abarca também o crescente interesse de Sean por Neela (a novata australiana Nathalie Kelley), namorada de um mafioso conhecido como D.K. (Brian Tee).
Além disso, inclui alguns discursos sobre caráter, confiança e a importância de saber seu próprio lugar. Parece que o filme quer retratar seus personagens como jovens incompreendidos. Na realidade, é fácil compreender que eles são jovens amorais, que só buscam sensações fortes e não se preocupam com nada exceto salvar suas próprias peles.
O que preocupa é o declínio constante do diretor Justin Lin. Depois de ter criado um dos títulos mais elétricos já exibido no Festival de Sundance, o satírico e irreverente "Better Luck Tomorrow", em 2003, seus dois filmes de 2006, "Annapolis" e agora "Desafio em Tóquio", não revelam uma gota sequer de personalidade criativa cinematográfica.
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