Veteranas são trunfo de Passione

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Depois de Viver a Vida, a novela que provou que seu autor, Manoel Carlos, perdeu de vez a mão para a dramaturgia, a faixa nobre da TV Globo acaba de exibir a primeira semana de sua substituta, Passione, mais nova empreitada de Silvio de Abreu. Com um elenco estelar, que inclui veteranos como Fernanda Montenegro, Tony Ramos, Aracy Balabanian, Vera Holtz e vários galãs – Reynaldo Gianecchini, Marcelo Anthony, Rodrigo Lombardi e Cauã Reymond estão entre eles – a trama chegou prometendo muito suspense e humor, mas o que se viu, não foi nem uma coisa, nem outra.

Ambientada na Itália e em São Paulo, a história sobre o italiano que descobre ser milionário (Tony Ramos) e é enganado por uma trambiqueira (Mariana Ximenes), por enquanto, não empolgou. A audiência do primeiro capítulo foi ainda mais baixa que a da estreia de Viver a Vida e, durante a semana, os números foram considerados baixos para uma novela do horário nobre da Globo. O motivo? Nada convence.

O núcleo italiano não poderia ser mais estereotipado. Na tentativa de soar mais verossímil, o típico sotaque macarrônico já visto em outras tramas, agora ficou ainda mais complicado – há momentos em que simplesmente não se entende o que está sendo dito, tamanha a mistura de idiomas. Melhor seria seguir o exemplo de Glória Perez, que nunca fez questão de embutir sotaques verdadeiros em seus personagens, seja no Marrocos (O Clone) ou na Índia (Caminho das Índias). E essa situação só deve piorar com a chegada dos personagens Clara (Mariana Ximenes) e Fred (Gianecchini) ao vilarejo na Toscana.

O casal de vilões aliás, é outro elemento que não convence em Passione. Mariana, em seu primeiro papel de má, é uma mistura aguada de Flora (A Favorita) com Maria de Fátima (Vale Tudo). Enquanto que Gianecchini tenta, sem sucesso, encarnar a safadeza de Marcos (Márcio Garcia, em Celebridade).

Outra que parece precisar ser ligada na tomada é a insossa Carolina Dieckmann.

Sua personagem, a jornalista Diana, integra o triângulo amoroso mais inverossímil de todos os tempos, ao lado dos bonitões Mauro (Rodrigo Lombardi) e Gerson (Marcelo Anthony). Em uma sequência exibida na última quinta-feira, Diana e Gerson tomavam banho juntos em uma luxuosa banheira e o que se destacava era apenas a expressão de pouco à vontade da atriz. Sorte de Anthony que, no decorrer da trama, seu personagem vai se revelar gay.

Até o momento, os grandes trunfos de Passione são a interpretação de Fernanda Montenegro, no papel da matriarca Bete Gouveia, e de Maitê Proença, cuja personagem, Estela, vai trair o marido (Werner Schunemann) com nove ho­­mens diferentes em apenas 23 capítulos. Lá pelo centésimo episódio, Silvio de Abreu promete uma grande reviravolta na trama. Quem sabe o negócio seja esperar até lá.