Estrada para Ythaca: em busca do cinema nacional “divino e maravilhoso”| Foto: Divulgação

Premiados

Conheça os longas da Mostra Aurora e os curtas que levaram o Troféu Barroco.

Júri da crítica

Estrada para Ythaca, de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diogenes e Ricardo Pretti (CE)

Júri jovem

Estrada para Ythaca

Menção Honrosa – Mulher à Tarde, de Affonso Uchoa (MG)

Júri popular

Melhor Curta – Mostra Foco – Obra-Prima, de Andréa Midori Simão e Thiago Faelli (SP)

Melhor Curta – Mostra Panorama – Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho (PE)

Melhor Longa – Herbert de Perto, de Roberto Berliner e Pedro Bronz (RJ)

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Tiradentes - Tiradentes abrigou de 22 a 30 de janeiro uma intensa programação de filmes que, somados, forneceram uma radiografia da produção contemporânea no Brasil – foram 29 longas e 99 curtas. Alguns exibidos em plena praça, em noites estreladas, a um público de 48 mil pessoas que, após 13 edições da Mostra de Cinema de Tiradentes, já se acostumou a ver (e compreender) produções mais ousadas e autorais.

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Filmes de cineastas consolidados como Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, do homenageado Karim Aïnouz e Marcelo Gomes se misturaram a produções de jovens promissores reunidos na Mostra Aurora. Pelo road movie Estrada Para Ythaca. quatro deles – os cearenses Pedro Diógenes, Luiz Pretti, Ricardo Pretti e Guto Parente – faturaram todos os troféus Barroco concedidos tanto pelo júri jovem e quanto pela crítica.

"Elegemos o filme como uma aposta em um cinema ousado e vigoroso, realizado coletivamente e que aponta para formas mais cooperativas de se produzir", explicou Luiz Carlos Merten, que participou do júri da crítica.

Além do Ceará, que também invadiu a mostra com oito curtas-metragens, Pernambuco chamou atenção com os longas Um Lugar ao Sol, de Gabriel Mascaro, e Pacific, de Marcelo Pedroso. As duas produções lançam um olhar sobre a elite e a classe média, respectivamente, dois grupos que pouco aparecem na cinematografia nacional.

Se Mascaro investiga como vivem e o que pensam proprietários de coberturas de luxo, Pedroso constrói seu filme a partir de imagens cedidas por turistas que estiveram no cruzeiro Pacific, que parte de Recife para Fernando de Noronha. O filme instiga sentimentos que vão da ironia ao afeto por essas pessoas que encaram a viagem – um pacote de R$ 3 mil que dá direito a comer e beber à vontade, fotografias com o comandante e shows a bordo – como a concretização de um sonho. "Senti muito afeto por estas pessoas, embora seja contra esse modelo padronizado de consumo", diz o diretor.

O filme propõe outras questões como, por exemplo, uma reflexão sobre a influência das tecnologias sobre as relações sociais – o que se evidencia logo na primeira cena, em que um homem acompanha os golfinhos de um barco sem tirar os olhos nem por um momento de sua tela de LCD.

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Paraná

O melodrama Corpos Celestes, dos curitibanos Marcos Jorge e Fernando Severo, comoveu a plateia de uma mostra em que predominavam filmes autorreflexivos e de processo. Dois curta-metragistas da capital paranaense exibiram seus filmes no Cine-Tenda: Arnaldo Belotto, com C.E.A.S.A., e Alexandre R. Garcia, com Pastoreio. Este último, arrancou risos surpresos na cena em que ovelhas que comem a grama do Parque Barigüi atravessam a rua guiadas pelo pastor Laudelino Matoso, funcionário da prefeitura.

A repórter viajou a convite do evento.