Viagem repleta de conexões

"Profeta do apocalipse", "místico da MPB", "Bob Dylan do sertão", "Antônio Conselheiro do rock" e "herdeiro de Raul Seixas" são apenas alguns dos incontáveis epítetos atribuídos ao cantor e compositor paraibano Zé Ramalho ao longo de décadas de atividade na cena musical brasileira. Em comemoração ao aniversário de 30 anos de carreira, o músico lançou, em abril deste ano, o vigésimo álbum de sua discografia, Parceria dos Viajantes, cujo show ele apresenta hoje, pela segunda vez na capital paranaense, em única sessão no Guairão, às 21 horas.

O disco foi gravado ao lado de convidados especiais como as cantoras Pitty, Sandra de Sá, Daniela Mercury, e Zélia Duncan. Também conta com as colaborações instrumentais de Paulo Ricardo (ex-RPM), João Barone (Paralamas do Sucesso) e das bandas Cidade Negra e Calypso. Já o time de compositores conta com nomes como os de Zeca Baleiro, Chico César, Jorge Mautner e Oswaldo Montenegro – equipe devidamente comandada pelo produtor Robertinho do Recife.

Parceria dos Viajantes segue seu rumo pela estrada sonora que Zé Ramallho vem trilhando desde sempre: a fusão de ritmos nordestinos, com influências roqueiras e temáticas instrospectivas, por vezes um tanto quanto místicas.

Os que ainda não tiveram a oportunidade de conferir o mais recente trabalho do paraibano não devem se preocupar: além de não causarem estranheza por pertencerem ao universo musical de Ramalho, as canções de Parceria dos Viajantes, serão intercaladas a interpretações de grandes hits responsáveis pela entrada definitiva do músico no mapa da MPB, como "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", "Avohai", "Admirável Gado Novo" "Chão de Giz", "Entre a Serpente e a Estrela", "Mistérios da Meia-Noite", entre outros.

Trajetória

Nascido na Paraíba, em 3 de outubro de 1949, Zé Ramalho experimentou seu primeiro contato com a música graças à admiração pelos artistas da Jovem Guarda. Seguindo um caminho musical bastante natural na época, Ramalho aderiu ao psicodelismo, fase marcada pelo histórico álbum Paêbiru, gravado em parceria com o cantor e compositor pernambucano Lula Côrtes.

Já na segunda metade dos anos 70, o músico mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela gravadora CBS (hoje Sony & BMG), que lançou seu primeiro álbum, em 1978.

Após um período de ostracismo nos anos 80, causado pelo vício em cocaína, o músico voltou a atingir posição de destaque com o disco Frevoador (1992), que trazia a faixa "Entre a Serpente e a Estrela", originalmente gravada para a trilha sonora da novela Pedra sobre Pedra, exibida pla Rede Globo no mesmo ano. Graças à outra novela global, desta vez Rei do Gado, a sonoridade de Zé Ramalho passou a ser conhecida por novas gerações por meio da canção "Admirável Gado Novo", incluída na trama de Benedito Ruy Barbosa para ilustrar a realidade do movimento sem-terra.

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Serviço: Show com Zé Ramalho. Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/n.º). Quarta-feira, 10, às 21 horas. Ingressos a R$ 120 (platéia), R$ 100 (1.º balcão) e R$ 80 (2.º balcão). Estudantes, pessoas com mais de 60 anos e titulares do Cartão Teatro Guaíra pagam meia-entrada. Informações: (41) 3304-7982.