Em suas primeiras visitas à Ilha do Mel, o fotógrafo Leonardo Régnier e o documentarista Túlio Viaro pretendiam retratar a pesca da tainha, tradicional na região. Com o tempo, porém, o projeto tomou rumo próprio e, em vez da pesca, se concentrou nos pescadores.
Três anos de idas e vindas à Praia do Farol, principalmente, mas também a Encantadas e à Praia do Miguel foram registrados em um livro de fotografias e em um documentário com o mesmo nome: Pescadores de Tainha. Ambos serão lançados hoje, às 19 horas, no Museu Oscar Niemeyer, com exibição do filme de 50 minutos.
A pesca da tainha é realizada em julho, mas os preparativos começam em março e abril. São meses de conserto e pintura de canoas, remos e redes. Na época de ir ao mar, os pescadores migram para acampamentos erguidos nas clareiras de vegetação, a até 100 metros da praia. As mulheres vão junto, mas não saem antes que os peixes estejam na areia. Reza a superstição que se a mulher olhar para o mar, arruina a pesca. Todo esse ritual termina na Festa da Tainha.
O fotógrafo e o documentarista foram para a ilha umas 20 vezes, registrar famílias como a de seu Paulinho, a mais presente no documentário. A partir das histórias contadas, o filme se desenrola. "Tirando umas poucas entrevistas, é um documentário de observação", diz Túlio Viaro, neto do pintor Guido Viaro.
"No primeiro momento, os pescadores se mostraram muito fechados, mas, depois que adquiraram confiança, não nos viam mais como diferentes", conta Leonardo Régnier, advogado há mais tempo do que fotografa esse é seu primeiro trabalho de grande porte.
Ele dispensou as cores e as facilidades digitais. "Não é um trabalho sobre as belezas da Ilha do Mel. Para o cunho sociológico, o preto e branco analógico funciona melhor, porque tem um contraste diferente", diz. Nas 168 páginas da publicação, Régnier juntou dois viéses que atraem seu olhar: a composição geométrica e o retrato de pessoas. Há imagens do alto do morro, revelando a paisagem marítima, detalhes dos cardumes abatidos e flagras dos pescadores em ação. O fotógrafo Orlando Azevedo fez a curadoria.
Os dois visitantes foram surpreendidos pelo senso de comunidade por lá. "O pescador que tem a canoa e é o dono da rede recebe ajuda de várias pessoas da comunidade, e todos praticam a pesca juntos. Se conseguem pegar um lanço (uma rede cheia de peixes), o que pegam é dividido igualmente", relata Viaro.
A pesca é realizada quando olheiros avistam um cardume. Partem de canoa, três pescadores remam enquanto outro vai soltando a rede, com uma das pontas presa à praia, formando uma ferradura até levar a outra ponta à areia. Todos que estiverem por perto ajudam a puxar e compartilham os peixes.
Serviço:
Lançamento do documentário e do livro Pescadores de Tainha, de Leonardo Régnier e Túlio Viaro. Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Hoje às 19 horas.
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