Lucian Freud não viveu para ver a primeira exposição de suas obras em Viena, a cidade da qual seu avô Sigmund fugiu em 1938, mas o artista ajudou a planejar a retrospectiva que será inaugurada esta semana. Freud, considerado o maior pintor britânico de sua geração, se mudou com a família de Berlim para Londres em 1933 para escapar da ascensão do nazismo. Quatro de suas tias-avó foram mortas em campos de concentração durante o Holocausto. "Viena nunca foi a terra dele e nunca poderia ser a terra dele", disse o curador Jasper Sharp. "Não quero ir tão longe a ponto de dizer que (a mostra) era uma cura ou o fechamento de um ciclo para ele, mas de alguma maneira um fantasma foi enterrado." Depois de recusar inúmeros convites de galerias alemãs e austríacas por décadas, o artista figurativo germano-britânico concordou com a exposição e ajudou a selecionar 43 trabalhos para a mostra por causa do seu amor pelo local no qual eles seriam exibidos. "Em primeiro lugar, e acima de tudo, ele fez esta exposição pelas coleções do Kunsthistorisches Museum", afirmou Sharp, amigo e vizinho de infância do artista judaico, que faleceu em 2011 aos 88 anos. O museu abriga a enorme coleção de artistas da família real Habsburgo, incluindo quadros de Ticiano, Velázque e Rembrandt que inspiraram Freud, um visitante contumaz de museus. Ele dizia que a visita a galerias de arte era para ele um curativo igual a ir ao médico. A mostra abrange 70 anos de carreira, indo de um autoretrato de 1943, período da guerra, à sua última obra, o inacabado "Retrato do Galgo", no qual aparecem seu assistente David Dawson e seu cão Eli, da raça whippet, quadro no qual ele trabalhou até duas semanas antes de morrer. "Uma coisa que você tem de aprender sobre posar é não olhar para o relógio", disse Dawson, que trabalhou com Freud por mais de 20 anos e cujas fotos tiradas do estúdio e da casa do artista estão sendo exibidas ao mesmo tempo no museu Sigmund Freud, em Viena, onde o fundador da psicanálise viveu e trabalhou por muitos anos.
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