Deve haver algo de muito especial em Eva Sullivan, a protagonista de "Eterna Magia", para ter feito Malu Mader declinar de convites de Carlos Lombardi e Gilberto Braga para atuar em "Pé na Jaca" e "Paraíso Tropical" e aceitar um papel na novela da estreante Elizabeth Jhin. O folhetim estréia dia 14.
Negando qualquer pressão da Globo para voltar às telas seu último trabalho na TV foi em "Celebridade" (2004) , a atriz mina a polêmica sobre esse tema mas reacende outra. Afirma que apenas esperava o momento e o personagem adequados. E vai além: conta, de forma franca, que simplesmente não estava a fim de encarar a rotina estafante de gravações.
- Vinha evitando fazer novelas. Achava-me completamente sem vontade. O processo é cansativo e eu não me via inspirada. Também desejava fugir de qualquer tipo de exposição - justifica ela, confessando-se, no entanto, aborrecida por não ter a mesma empolgação do início de carreira.
Passada a crise, Malu diz que encontrou em Eva a conjunção de coincidências que lhe fez se sentir pronta para enfrentar o estresse de uma novela.
- A Eva é uma vilã, mas não convencional. Diria que é uma das personagens mais instigantes da minha carreira.
Na trama, Malu viverá uma mulher geniosa que, alheia à história de amor de sua irmã caçula, Nina (Maria Flor), com seu ex-namorado, Conrado (Thiago Lacerda), decide reconquistá-lo. Eva volta ao país após passar uma temporada no exterior estudando piano.
A gana de recuperar a paixão do passado a conduzirá a um caminho nebuloso, em que o amor e a pura vaidade se confundirão.
- A Eva não o ama de verdade. Mas sente uma atração forte. Só quer transar com ele - antecipa a atriz.
- A pianista tem uma personalidade muito forte. É quase um personagem masculino. É independente. Mais erótica que romântica. Ligada aos prazeres da vida. Ao contrário da irmã, nada tem de sentimental. A forma como lida com as pessoas do sexo oposto indica isso - diz Malu, sem disfarçar a paixão pela personagem que irá viver.
- Eva significa vida - lembra ela, apontando outra feliz coincidência nesta volta ao batente.
Malu Mader confessa que foi duro segurar a onda com seu retorno às novelas:
- Fiquei muito tocada quando entrei no estúdio para gravar pela primeira vez. Minha voz estava tão embargada que achei que não conseguiria ir adiante.
A emoção maior foi ao fazer uma cena com Aracy Balabanian (Inácia) e Irene Ravache (Loreta).
- No final, a Irene reuniu todo mundo e fez um discurso muito bonito sobre estar trabalhando com aquela equipe. Aí pensei: ainda bem que não sou só eu que me sinto assim.
Malu completa que a trama de Elizabeth Jhin reacendeu nela a paixão pelas novelas. Mas esta mudança não é só interior: a atriz reaparecerá com os cabelos avermelhados e as sobrancelhas clareadas. Justo ela, que sempre evitou mexer nas suas duas "marcas registradas".
- Nenhum personagem havia pedido isso antes - diz.
Na entrevista de lançamento da novela, Malu fez também um discurso em homenagem ao gênero:
- Minha carreira foi construída na TV e tenho muito orgulho disso. Há ainda quem ache que se trata de um gênero menor, menos nobre. Mas eu discordo: há muita beleza e arte nele.