Violão erudito com suingue

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O quarteto de violões Quaternaglia faz em Curitiba o primeiro concerto de lançamento do disco Estampas (2011) no país. Os violonistas Chrystian Dozza, Fabio Ramazzina, Thiago Abdalla e Sidney Molina apresentam músicas do novo disco e obras inéditas hoje, na Capela Santa Maria, às 19 horas. Além do repertório de Estampas, que inclui a Bachianas Brasileiras n.º1, de Heitor Villa-Lobos, Danzaas Argentinas Op. 2, de Alberto Ginastera, Estampas, de Federico Torroba, Tres Danzas Concertantes, de Leo Brouwer e Uarekena, de Sérgio Assad, o Quaternaglia vai trazer composições em que a principal marca são ritmos brasileiros, como o frevo e o baião. "Algumas obras vão mostrar como essas estruturas rítmicas podem ser digeridas por quatro violões", diz Molina. "São peças escritas com suingue brasileiro."Entre elas está Frevo e Fuga, do violonista e compositor Paulo Bellinati, que se inspira no conceito das Bachianas de Villa-Lobos ao utilizar a forma típica da música barroca em diálogo com ritmos populares. "Quase um século depois das primeiras obras de Villa-Lobos, ainda te­­mos muito a explorar nas fusões da música brasileira, dos ritmos brasileiros com a tradição erudita", diz Molina.

Estampas

As influências da música instrumental brasileira são uma marca nos últimos trabalhos do quarteto, que retorna às origens eruditas no disco Estampas, de acordo com Molina. "É um repertório bastante rico e variado, mas ele tem uma cara latina muito forte como fio condutor", diz o violonista, que cita, além dos brasileiros Villa-Lobos e Assad, o argentino Ginastera, considerado por Molina o principal compositor argentino ao lado de Astor Piaz­zolla, e o cubano Brouwer, com quem o Quaternaglia já havia trabalhado.

As gravações aconteceram no início de 2007, nos Estados Unidos, sob a supervisão do violonista e produtor especializado em gravações de violão David Hirschy. O norte-americano já era conhecido pelos violonistas do quarteto como o luthier (fabricante de instrumentos musicais) que construiu o violão utilizado por Sérgio Abreu, produtor de Estampas, na gravação de um LP em 1983. Sérgio formava o Duo Abreu com o irmão Eduardo desdos anos 1960, e era uma referência para os violonistas do Quaternaglia. "A gente cultiva, há 19 anos, uma atenção muito grande pelos históricos registros do Duo Abreu e a qualidade dos instrumentos que usavam", conta Molina.

O grupo aproveitou uma viagem para um concerto em uma cidade norte-americana próxima à Hirschy. "A coincidência casou tão bem que o Abreu nos colocou em contato com o Da­­vid", conta o músico. As sessões duraram dois dias. A edição e produção, no entanto, foram tão meticulosas que duraram mais de dois anos. "O legal do Sérgio [Abreu] é que ele não é um técnico, apenas. Ele vai em detalhes que têm a ver com a intenção da obra, com aspectos muito sensíveis da sonoridade dos instrumentos e da qualidade final do trabalho", diz.

Serviço

Quaternaglia – lançamento do CD Estampas. Capela Santa Maria (R. Conselheiro Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Hoje, às 19 horas. Entrada franca.