O professor da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) Mário da Silva começou a estudar o violão em uma boa hora para o instrumento em Curitiba. Foi na década de 1980, na própria Embap, quando a faculdade vivia uma efervescência de música contemporânea agitada por nomes como José Penalva (1924-2002) e Chico Mello, que influenciaram uma geração. Foi neste contexto que o violonista desenvolveu a postura aberta a experimentações que, de acordo com ele, está na raiz do convite que recebeu para participar de um dos mais importantes eventos de violão do mundo o New York Guitar Seminar, na Faculdade Mannes (EUA), onde faz conferência, recital e master class, em junho.
Assista à peça "Toccatina", tocada por Mário da Silva
Na apresentação, Silva fará um "panorama" do violão brasileiro, da tendência nacional e popular à contemporânea de vanguarda da qual ele mesmo faz parte ao explorar as novidades sonoras das "técnicas expandidas" do instrumento. Mas os curitibanos também poderão assistir ao recital, e muito antes dos nova-iorquinos. O violonista apresenta o mesmo programa hoje, às 20 horas, no Museu Guido Viaro (Veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo).
Trajetória
O recital começa com uma peça de Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955), "Lamentos do Morro". A obra, de acordo com Silva, foi um "divisor de águas" do violão brasileiro ao incorporar elementos da música popular brasileira ao violão erudito. A composição é o ponto de partida do panorama traçado por Silva, que se encerra com a obra Aquarelle ("Divertimento", "Valseana", "Prelúdio" e "Toccatina"), de Sergio Assad. "Aquarelle reúne, na década de 1990, várias manifestações características da música brasileira, como frevo e samba, que quero ligar a Lamentos do Morro, que é da década de 1940", explica Silva, por telefone, do Rio de Janeiro onde mora desde 2009, embora continue dando aulas na Embap.
Entre os dois compositores, Silva inclui uma música própria, "Baião", que estará em seu terceiro disco solo "uma espécie de laboratório violonístico experimental" produzido por André Abujamra, prestes a ser finalizado , e uma composição de Waltel Branco, "Chimarrita", que incluiu para compor um panorama também paranaense.
"A mudança do paradigma musical na década de 1960 foi se voltar para a sonoridade, e o violão foi um prato cheio para isso, porque os violonistas estavam abertos a essas experimentações. E foi o que comecei a fazer em Curitiba quando comecei a estudar na década de 1980 e gravar na de 1990", diz. "Ao invés de um repertório tradicional, procurei ver o que estava sendo feito de contemporâneo em Curitiba, onde isso estava muito presente", afirma Silva, que começou a trabalhar em suas próprias composições há pouco tempo, sempre procurando caminhos estéticos inovadores. "Não é demérito se especializar no repertório tradicional. Mas preferi me dedicar ao novo, a conversar com novos compositores, a viabilizar a nova produção", diz o violonista. "Sempre fui muito convicto disso."
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Serviço: Mário da Silva. Museu Guido Viaro(R. XV de Novembro, 1.348),(41) 3018-6194. Dia 27 às 20h. Entrada franca.
Cultura e Lazer | 2:28
O violonista interpreta a peça de Sergio Assad, uma das que compõem seu repertório.
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