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Renan (ao centro) e Guilherme Cerqueira (à direita) no pódio de "Carom 3D" | Divulgação
Renan (ao centro) e Guilherme Cerqueira (à direita) no pódio de "Carom 3D"| Foto: Divulgação

Nova Iorque – No Country for Old Men, de Joel e Ethan Coen, é uma explosão de cinema, no bom sentido do termo, unindo violência, filosofia, humor negro, mas principalmente muito talento.

Para poder contar com a presença dos irmãos cineastas, que só poderiam estar na cidade no final de semana, o Festival de Nova Iorque programou, no último sábado, uma sessão especial do filme, seguida de uma coletiva com a imprensa.

O longa-metragem é baseado no best seller Onde os Velhos não Tem Vez, de Cormac McCarthy, que realizou um tratado sobre padrões de violência na cultura do oeste americano.

A história começa com Anton Chigurh (Javier Bardem), um matador psicopata que é suspeito de ter praticado um novo crime. Ao ser detido por um policial, Chigurh o estrangula com suas algemas na delegacia e foge utilizando um carro da própria polícia. Logo depois, rouba outro veículo na estrada de um motorista após também matá-lo com uma arma de matar boi.

Ed Tom Bell, o xerife local – interpretado por Tommy Lee Jones – é o homem que vai fazer a ligação de Chigurh com outro personagem central do filme, o caçador Llewelyn Moss (Josh Brolin).

A maneira como a narrativa avança é chocante e é praticamente impossível antever o que pode acontecer a seguir.

Bardem – com uma caracterização diferente e de peruca – está ótimo no papel, criando um dos vilões mais memoráveis e originais do gênero em anos recentes. O espanhol está cotado para o Oscar de melhor ator coadjuvante.

Embora fiéis à essência do livro, os Coen mantiveram a assinatura que vêem solidificando no gênero de crime desde o primeiro filme Gosto de Sangue (Blood Simple), que tem uma grande proximidade com este novo trabalho, além de outros momentos encontrados em Ajuste Final (Miller’s Crossing) e Fargo.

O título do filme – e do livro – é tirado do poema do irlandês W. B. Yeats, "Sailing to Byzantium", que começa com a frase "That is no country for old men..." (este não não é um país para velhos, em português).

Os irmãos cineastas se revezaram nas respostas aos jornalistas, mas claramente expressando o pensamento comum de ambos.

Qual a essência de No Country for Old Men?EC – O coração do filme está nos seus personagens – homens e mulheres que habitam um Oeste em mutação rápida – e onde a falta de lei chegou a um novo mundo de tráfego internacional de drogas e as velhas regras parecem não mais viáveis de serem aplicadas. Embora muitos espectadores vejam o filme como um faroeste, para nós se trata de uma história de crimes.

Por que a paisagem do filme mostra tanta desolação e tanta aridez?JC – Essa é a paisagem natural do oeste do Texas, onde o filme foi locado e captado pela fotografia de Roger (Deakins). Inicialmente nós pensamos em filmar no Novo México, mas vimos que seria um grande erro. Era necessário entrar no clima da história e essa região é a que melhor reflete o espírito do livro.

Vocês não acham que o filme tem muitas referências de Fargo?EC – Talvez a única semelhança seja a presença de um policial que nesse filme é o xerife Bell, um dos principais elementos da história. Ele é um homem da lei, estóico, filosófico, com um seco senso de humor e uma sólida formação moral. De repente, ele é surpreendido pelo advento do comércio de drogas e de uma raça de criminosos que trazem uma nova forma de violência, que ele vai precisar combater.

De onde surgiu a idéia para caracterizar com uma peruca a figura de Bardem?JC – Tentamos reproduzir a composição de Chigurh conforme é descrita no livro. Além disso, nos inspiramos numa fotografia que vimos de um homem sentado no bar de um bordel na fronteira dos Estados Unidos com o México. O filme é fiel ao livro?EC – Há uma boa dose de humor no livro, embora não possa ser dito que o livro seja cômico. Pelo contrário, é dark, violento e sangrento e essa foi a característica que definimos para o filme. Nesse aspecto, ele reflete o livro e nós esperamos que tenha sido de uma forma bastante apurada. Podemos dizer que este é provavelmente o filme mais violento que já fizemos.

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