O escritor norueguês Jostein Gaarder, autor do best-seller dos anos 90 "O mundo de Sofia", participou de uma mesa na noite deste sábado (14) na Bienal do Livro em São Paulo.
No evento, o escritor falou sobre o viés filosófico que permeia o volume, a descoberta de seu talento para a escrita e do novo "O castelo nos pirineus", livro que define como uma "tragédia erótica".
"['O castelo nos pirineus'] é um encontro entre o espiritismo e a ciência. É um confronto geral. Aqui no Brasil, capital do espiritismo, é mais relevante ainda. Admito que confrontei a mente racional com essa abordagem espiritualista, mas me abri para a ideia de que nossos corpos irão desaparecer. Talvez tenhamos alma e espíritos que irão sobreviver", disse, ao falar sobre a história que retrata o encontro de um homem cético e uma mulher mística.
"Tive de dar vida e inteligência à mulher para criar essa personagem. Então fiquei mais aberto a essa dualidade."
Gaardner afirmou que credita o sucesso de "O mundo de Sofia" (livro cujas vendas somam mais de 30 milhões de exemplares pelo mundo) à abordagem básica que a história faz da filosofia. "Quando escrevi 'O mundo de Sofia' tentei trazer a filosofia de volta aonde ela começou. Parava as pessoas no mercado e fazia perguntas. Acho que por ter ensinado filosofia por muitos anos, usei essa experiência na escrita."
Pare de pensar O escritor revelou que descobriu o talento para a escrita ainda criança - e que não foi encorajado "a pensar" pelos adultos. "Comecei a escrever aos 11 anos de idade. Subitamente acordei e me senti parte de um universo mágico. Perguntei a meus pais, professores: 'vocês não acham estranho que a gente esteja vivo?'. Me senti diferente de outras pessoas, me senti um curinga. Que não é nenhum dos quatro naipes. Por isso virei escritor, por vingança", disse.
"E perguntei novamente: vocês acham que mundo é normal? E eles disseram: sim, e achamos que você deve parar de pensar de nesse tipo de coisa. Você vai ficar louco."