• Carregando...

Guido Viaro descobriu a pintura cedo, aos 15 anos. Tudo indica que o gosto pelo trabalho de artista fez o menino ficar obstinado. "Os dois tios dele queriam que ele fosse para o internato, mas ele fugiu para pintar", conta Constantino Viaro, filho de Guido. A vontade de fugir foi tão grande que saiu da Itália e veio parar no Brasil, onde se tornou um pioneiro nas artes paranaenses. Introduziu por aqui o modernismo que já fervilhava por outros cantos do país, marcado pela emblemática Semana de Arte Moderna de 1922.

Uma extensa retrospectiva dedicada ao legado do pintor, desenhista e gravador está sendo realizada pela exposição Guido Viaro –Um Visionário da Arte, organizada pelo filho do artista, Constantino Viaro, em parceria com as pesquisadoras Estela Sandrini e Maria José Justino. A exposição abre hoje para convidados (para o público amanhã).

Cerca de 200 trabalhos retomam a trajetória de Viaro, incluindo telas como "O Medo", "O Homem sem Rumo" e "A Polaca". Outros 1,1 mil trabalhos inventariados e fotografados por Juliano Sandrini serão projetadas a partir de um DVD e um documentário elaborado pelo neto Túlio Viaro, contendo 25 entrevistas com artistas e pesquisadores, também será exibido.

Maria José Justino explica que a curadoria priorizou a linguagem em detrimento à cronologia. A mostra foi organizada em núcleos, utilizando como critérios os eixos temáticos e as linguagens empregadas pelo artista. "Viaro é um grande desenhista, gravador e pintor. E tem a questão dos temas. Embora ele não fosse religioso – alguns o chamavam até de ateu –, ele teve uma fase rica com o tema religioso. É um tratamento humanístico, que torna sagrado o profano. Isso conversa com o tratamento humano nos retratos das aquarelas. Nas gravuras, ele é mais narrativo, e também há a fase abstrata. Tudo isso está presente nessa mostra", explica Justino. "A sua relação com a arte é sempre empática, é um adepto da subjetividade. A objetividade não o seduz, mesmo porque faz parte daquele grupo para quem a exatidão não significa a verdade. O seu trajeto é uma luta constante para escapar ao realismo objetivo e duro, inclinando-se para a liberdade conquistada pela construção moderna, independentemente das vanguardas históricas. A poética de Viaro não está necessariamente interessada na face bela das coisas, mas na sua intimidade. Distancia-se do naturalismo e do impressionismo, buscando uma arte mais sólida", escreve a estudiosa no texto de apresentação.

No decorrer da exposição, Maria José Justino irá lançar o livro Viaro – Um Visionário da Arte, inventário extenso sobre a produção artística de Guido Viaro, incluindo informações historiográficas, bibliográficas e textos críticos. No próximo ano, Constantino Viaro pretende levar adiante o resgate do legado do pai. Um centro cultural deverá concentrar o acervo e uma exposição permanente das obras, além de promover outros eventos. "É uma iniciativa particular que visa fortalecer a memória e mostrar às pessoas o trabalho de Guido", afirma Constantino.

Serviço: Guido Viaro – Um Visionário da Arte. Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. Terça a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 4 e R$ 2 (estudantes, crianças de até 12 anos, maiores de 60). Até 4 de março.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]