Programe-se
Vitor Araújo
Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Dia 7, às 21 horas. R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Sujeito à lotação.
Foi sem querer, mas o célebre maestro e compositor pernambucano Marlos Nobre meio que criou um artista pop. Aconteceu há cerca de cinco anos, quando, furioso com um imberbe pianista que decidiu improvisar sobre um de seus frevos para piano, deu-lhe uma bronca pública.
A performance em questão aconteceu em um recital de música brasileira do jovem pianista pernambucano Vitor Araújo, que começava a traçar o fechado trajeto de concertista de concurso em concurso. Apaixonado pelo jazz, o instrumentista ousou seguir a linha de artistas como Bill Evans, que já vira improvisar sobre um tema de Bach com a Sinfônica de Londres. Nobre, considerado um dos maiores músicos brasileiros vivos, não aceitou a pequena subversão do músico, então com 17 anos, e chegou a chamá-lo de criminoso.
O resultado foi uma injeção de interesse da mídia no trabalho do rapaz. "A maioria das pessoas ficou muito mais interessada em mim do que o contrário", conta Araújo, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "Essa curiosidade que surgiu sobre a possibilidade de se improvisar na música erudita fez com que eu saísse desse circuito e entrasse em um circuito pop mesmo", conta.
O passo seguinte foi a gravação de seu primeiro disco, Toc (2008), em que o flerte com o universo popular foi assumido de vez em um repertório que mistura Villa-Lobos, Gonzagão, Tom Zé, Chico Buarque e Radiohead. Foi um trabalho mais voltado à interpretação, que seria sucedido por A/B, em que Araújo colocou à prova suas composições. O trabalho será apresentado em Curitiba pela primeira vez nesta sexta-feira, no Teatro do Paiol.
O músico se inspirou na linguagem da música clássica romântica para compor o "lado A" do CD, que é ocupado pela suíte Solidão, de quatro partes duas delas com quarteto de cordas. Já o lado B mira na estética do pós-rock e no jazz.
O resultado é um trabalho que não se encaixa bem nem na música popular nem na música clássica. "Utilizo essa linguagem pensando em fazer um disco, não uma peça, o que é uma ideia pop", explica o músico, que vai ao palco acompanhado por um quarteto de cordas curitibano, por seus pedais de efeito e um rádio de pilha. "Mas o disco se utiliza da linguagem erudita a ponto de não poder ser chamado em popular também", diz.
A presença nesta terra de ninguém se refletiu na repercussão de A/B, que foi lançado de forma independente. Os convites para participar de programas de tevê, por exemplo, não aconteceram como em 2008. "Mas rejeição ao disco simplesmente não há", pondera Araújo. "Mas mesmo quem vai esperando ouvir música erudita o tem recebido bem", promete.
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