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A cultura paraguaia não é das mais familiares aos brasileiros. Afora o comércio fronteiriço, a história de uma guerra especialmente sangrenta e alguns preconceitos, o pequeno país que faz divisa com o Paraná pouco disseminou sua cultura deste lado da fronteira. Ciente disso, e interessado em fortalecer a "política da boa vontade" entre Brasil e Paraguai, o Itamaraty acionou a Secretaria de Cultura do Estado (Seec) para a realização da Semana da Cultura do Paraguai, que começa neste sábado (11) e segue até 18 de agosto em Curitiba.

O evento de integração cultural traz alguns dos principais representantes das artes paraguaias tradicionais e contemporâneas, segundo a coordenadora artística daquele país, Carmen Briano. Entre as apresentações musicais, por exemplo, estão o Grupo Latino, um conjunto tradicional que se apresenta ao som de guitarras e harpa, e o roqueiro Rolando Chaparro, um dos nomes de maior destaque no atual cenário musical paraguaio, famoso por fazer a fusão do folclore do país com outros ritmos, como o rock, o jazz e o blues. O repertório do show apresenta os principais sucessos do cantor, com a participação dos músicos brasileiros do Quarteto Brandão, em uma espécie de jam session.

A programação gratuita, selecionada pelo ministro da Cultura do país vizinho, Bruno Barrios, contempla, além da música, as artes visuais, a dança, o cinema e a literatura paraguaios. A abertura da semana acontece sábado, às 11 horas, na Casa Andrade Muricy, com o show do Grupo Latino e a inauguração da exposição Avatares, da pintora e ceramista María Gloria Echauri. Malola, como a artista é conhecida, traz ao país obras de cerâmica, fotografias e instalações. Depois da apresentação musical, o público poderá conhecer um pouco mais da gastronomia paraguaia, com a degustação de pratos típicos, como uma sopa que tem consistência menos líquida do que estamos habituados.

No mesmo espaço de exposições acontece uma mostra literária, com obras clássicas e contemporâneas de escritores paraguaios, organizada por Victoria Figueredo, diretora de Fomento do Livro da Leitura da Secretaria Nacional de Cultura. A outra exposição programada para o período é a Mostra de Artesanato, na Sala do Artista Popular, com tecidos, cestarias e talhas de madeira à venda.

Mais da arte tradicional paraguaia poderá ser conhecida durante o fim de semana no Canal da Música, quando o violonista Francisco Russo (do Grupo Latino) apresenta com o Ballet Mimbipa os espetáculos Festa Patronal, Festa de São João e Danças Tradicionais e Populares do Paraguai. Até certo ponto, conhecer essas e outras manifestações tradicionais é também uma maneira de aproximação com o passado paranaense. "Antigamente, o Paraná fazia parte da nação guarani. O Paraguai tem muitas raízes guaranis, mas preservou mais do que nós", lembra a secretária Vera Mussi.

Os representantes da produção audiovisual serão apresentados na Cinemateca durante a Mostra do Cinema Paraguaio. Na segunda-feira, a atração é Miss Amerigua, uma tragicomédia escrita e dirigida pelo cineasta Luis Vera. Nos dias seguintes, serão apresentados os longa-metragens El Portón de los Sueños – Vida y Obra de Augusto Roa Bastos, de Hugo Gamarra Etchverry (terça-feira), Carimea, de Ray Amele (quarta), Los Paraguayos, de Marcelo Martinessi (quinta) e Tierra Roja, de Ramiro Gómez (sexta). Para o sábado, está programada a projeção de dez curtas paraguaios.

O apanhado da Semana da Cultura deixa de fora as artes cênicas do país, mas é um primeiro passo para diminuir a enorme distância cultural entre nações tão próximas territorialmente.

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