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Ella no Brasil

Nos EUA, Ella Fitgerald tem até selo comemorativo editado pelo Correio americano. No Brasil, é possível encontrar:

Livro

• Ella Fitzgerald – A Primeira-Dama do Jazz, de Stuart Nicholson (José Olympio, 422 págs., R$ 53)

CDs

• 30 By Ella (EMI)• Clap Hands, Here Come Charlie! (Universal)• Ella & Louis (Universal)• Ella And Louis Again (Duplo, Universal)• Ella & Louis For Lovers (Universal Music)• Ella Abraca Jobim (Sony BMG)• Ella Fitzgerald (1973 – 1973) (Sony BMG)• Ella Fitzgerald In Budapest (Sony BMG)• Ella For Lovers (Universal)• Ella in Berlin (Universal)• Live at Carnegie Hall (Sony BMG)• Pure Ella (Universal)• Sophisticated Lady (Universal)

DVDs

• Ella Fitzgerald & The Tommy Flanagan Trio ‘77 (ST2 Music)• Ella Fitzgerald – Live At Montreux 1969 (ST2 Music)• Ella & Basie – The Perfect Match ‘79 (ST2 Music)

Ella subiu ao palco, desviando o contrabaixo e o piano, para dizer boa noite e bon soir. Vestia um vestido florido e estava tranqüila como se tivesse experimentado aquela situação centenas de vezes antes. E, na verdade, tinha. Marcava o compasso da música estalando os dedos da mão esquerda, segurava o microfone e um lenço com a direita, a mais ou menos um palmo de seu rosto.

Quando abriu a boca para cantar "Give Me the Simple Life", com a voz potente que nunca deixou de soar como a de uma menina, o público já parecia estar na palma da sua mão. Afinal, em 1969, ano em que aconteceu sua primeira apresentação no Montreux Jazz Festival, Ella Fitzgerald (1917 – 1996) já era um ícone. A primeira-dama do jazz. A voz feminina do século. Se estivesse viva, completaria 90 anos hoje.

O show na Suíça, chamado Live At Montreux 1969, é um dos poucos disponíveis em DVD no Brasil. Para ser específico, existem três. Todos lançados pela ST2 e integrantes da série Live at Montreux. Os CDs também não são muitos. Não passa de duas dúzias e vários – a maioria avassaladora – são coletâneas.

Panorama que torna o lançamento de Ella and Louis Again (Universal), em edição remasterizada, dupla e com sete faixas extras em relação à gravação original de 1957, uma forma e tanto de marcar seu aniversário de nascimento.

Como o Again do título indica, de novo, Ella se reuniu a Louis Armstrong (1901 – 1971) quase um ano cravado depois de gravar Ella & Louis, um dos maiores sucessos comerciais que ambos tiveram em suas carreiras. As sessões do primeiro álbum aconteceram em 16 de agosto de 1956. As do segundo, em 13 do mesmo mês, no ano seguinte.

O reencontro teve uma lista que soube pegar clássicos inesgotáveis na linha de "Autumn in New York", "A Fine Romance", "Love Is Here to Stay" e "Let’s Call the Whole Thing Off", intercalando-os com outros inesperados, como "I’ve Got My Love to Keep Me Warm" e "I’m Putting All My Eggs in One Basket", ambas de Irving Berlin. Este, aliás, compositor de um dos songbooks que pontuaram a carreira de Ella – assim como os de Cole Porter, Duke Ellington, George e Ira Gershwin para abreviar uma lista que, agrupada em uma edição especial, rendeu caixa com 16 discos.

Lendo os nomes das (e ouvindo as) sete faixas extras, é difícil aceitar que tenham ficado de fora de Ella and Louis Again. É claro, havia a limitação física dos LPs, que suportavam 40 e poucos minutos de gravação, somando-se os dois lados. Mas tirar "I Get a Kick Out of You"? "Makin’ Whoopie"? "These Foolish Things"? A única coisa que pode aplacar essas dúvidas é saber que elas podem ter sido preteridas, mas não foram eliminadas. Estavam apenas guardadas para uma data especial. Ainda bem.

História

Ella Fitzgerald – Uma Biografia da Primeira-Dama do Jazz, de Stuart Nicholson, foi editada no Brasil pela José Olympio dez anos atrás e ainda pode ser encontrada em livrarias. Com mais de 400 páginas, livro consegue reconstruir momentos-chave da vida de Ella, como o do primeiro concurso de calouros que venceu, aos 17 anos, no Teatro Apollo, de Nova Iorque.

Ela usava botas de rapaz e seu vestido era horrível. De acordo com a pesquisa feita por Nicholson, a cantora vivia uma fase difícil. Sem dinheiro nem lugar para morar, mal conseguia tomar banho. Isso, em algumas ocasiões, era impossível não perceber.

Entre os méritos de Nicholson está o de esclarecer algumas informações controversas, como a data de nascimento de Ella. Durante muito tempo, acreditou-se que era no 25 de abril de 1918. O biógrafo encontrou o registro no estado da Virgínia, indicando que ela nasceu no mesmo dia, mas em 1917.

O início da história de Ella está ligado ao baterista Chick Webb, líder de uma banda respeitada que não conseguia deslanchar como as de Duke Ellington ou Cab Calloway. Mesmo a contragosto, Webb decidiu apostar na menina que o vocalista Charles Linton indicou. Foi Ella, ainda jovem e mal vestida, que deu a Webb o sucesso que ele tanto almejava. Deste ponto em diante, ela nunca mais parou de avançar.

Ao contrário de outras cantoras – sobretudo Billie Holiday, que odiava sua "adversária" –, Ella não teve problemas com drogas, soube administrar seu talento e sua vida íntima com destreza rara no meio jazzístico, onde predominam vidas curtas, vícios mortais e mortes trágicas. Conhecida por seu profissionalismo e discrição, sua biografia pode carecer do drama que marca tantos outros em posição semelhante, mas nada disso torna sua história menos incrível.

Ella morreu em decorrência de um diabetes dez meses antes de completar 80 anos.

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