Wagner Moura e José Wilker têm algumas diferenças. O primeiro tem 28 anos e uma carreira promissora pela frente, enquanto o segundo é quase um sessentão com 40 anos de experiência. Wagner mostrou ao grande público que tinha talento para a coisa na peça "A máquina", de João Falcão, há poucos anos. Já Wilker, agregou no currículo, no ano passado, o sucesso de mais um personagem, o histriônico Giovani Improta, da novela "Senhora do destino", aquele bicheiro que fala deliciosamente quase tudo errado - para não dizer tudo. Uma outra semelhança os une: ambos têm entradas proeminentes, fundamentais para o novo papel que desempenharão, o presidente Juscelino Kubstchek, na minissérie "JK", que estréia em janeiro na programação da Rede Globo.
- É a primeira vez que faço um personagem que já existiu, é uma coisa nova e muda completamente o enfoque do trabalho. Costumo dizer que é uma novidade, não considero nem mais fácil ou mais difícil - diz Wagner sobre o papel, de época.
Para Wilker, o momento é de colher frutos. Se Moura experimenta pela primeira vez o gostinho de ser galã - ele acabou de ser o empresário do bem Gustavo, da novela "A lua me disse", de Maria Carmem Barbosa e Miguel Falabella - a sensação para o experiente ator é outra.
- Já fiz de tudo nos palcos, no cinema e na TV. Acredito estar vivendo um momento muito especial, pois acabei de fazer um trabalho legal para cacete (o Giovani de 'Senhora do destino'), e tem ainda esses filmes dos quais participo, o "Maior amor do mundo", do Cacá Diegues e o "Quase memória", do Ruy Guerra. De algum modo, estou aproveitando esses anos todos de profissão - contabiliza.
Mesmo com bagagens distintas, ambos assumem sentir o tal frio na barriga por conta de fazer um personagem complexo e tão conhecido como foi JK. Político tido como honesto pela maioria da população da época, o presidente que inaugurou o lema "50 anos em 5" teve uma vida social atribulada, repleta de romances e casos pouco revelados.
- Confesso que fiquei assustado, pois é um personagem histórico sobre o qual todos conhecem alguma coisa. Mas foi um convite bastante provocador, pois venho de um cara engraçado como o Giovani. Vai ser um desafio ir para esse extremo oposto, sair do conforto dessa minha habilidade como ator - diz Wilker.
Para compor o presidente brasileiro da segunda fase da minissérie, ele tem mergulhado na obra existente sobre o político:
- Tinha oito anos na época do Juscelino, mas é um período que conheço porque li muito sobre o assunto. Não sei fazer isso de copiar uma pessoa, vou lá e acumulo o máximo de informações possíveis sobre o tema - ensina.
Apesar de estar distante muitos anos de JK, Wagner confessa que também tem mergulhado em leituras sobre a vida do presidente que governou o país de 1956 a 1961.
- Sei o que todos sabem: que ele foi um presidente extremamente popular e amado pelas pessoas. Ele fez parte de um momento histórico que representou o otimismo, foi um homem moderno para a época - resume o ator, que viverá o político na primeira fase da minissérie, com autoria de Maria Adelaide Amaral e com direção de Dennis Carvalho.
Ora, mas como dois atores se preparam para viver o mesmo personagem? Os trejeitos seriam os mesmos? A voz tentaria buscar um tom único? Nada disso. Wilker e Moura garantem que semelhanças vão existir. Mas nada que impeça a criação pessoal de cada um a partir de sua obra.
- Vamos aparar as arestas e selecionar o que vamos usar em cada JK. Ainda vamos combinar como vai ser isso, mas sei que o meu Juscelino não pode ser muito diferente do dele. Mas já vou avisando que não estou aqui para fazer um documentário. Já fiz Lampião e Tiradentes. O que realmente importa é ser fiel à idéia do personagem. Não sou um ator de fazer coisas físicas. E espero que cada ator consiga imprimir a sua marca nele - explica Wilker.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião