Walter White foi apontado pela revista Time o personagem ficcional de 2013. Não poderia mesmo ter sido outro o escolhido. O protagonista de série Breaking Bad, cuja temporada final, com oito episódios, acaba de sair no Brasil em DVD, quebrou recordes de audiência na tevê paga dos Estados Unidos 10,3 milhões de espectadores assistiram ao último episódio.
Mais do que isso: o programa ganhou dimensões de fenômeno cultural por vários motivos, que vão da excepcional qualidade dos roteiros e do elenco a, justamente, toda a complexidade do anti-herói em torno do qual o mirabolante enredo foi construído ao longo dos cinco anos da série.
Exemplar no cenário de depressão econômica e falta de perspectivas instaurado nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008, White, brilhantemente interpretado por Bryan Cranston, cutucou a sociedade de seu país em aspectos muito profundos. Ele é um cidadão de mal com o sonho americano.
Cofundador de uma empresa de grande sucesso, o químico, por questões pessoais, abandonou o projeto antes que ele começasse a dar certo, e terminou por se contentar com uma vida confortável, porém medíocre, financiada por seu acanhado salário de professor de ensino médio. Para sustentar a mulher, Skylar (Anna Gunn), e o filho, Walter Jr. (RJ Mitte), ele ainda é forçado a fazer horas extras em um lava-carros.
Tudo parece fadado à mesmice quando Walt descobre ter um tumor no pulmão em estado avançado e, com os dias contados, ele decide construir um patrimônio que garanta o futuro da família (sua mulher está grávida), produzindo, primeiro de forma caseira e depois em escala industrial, metanfetamina, droga estimulante muito potente e altamente viciante. Os cristais azuis de altíssima pureza que ele fabrica provam ter grande potencial de mercado na região de Albuquerque, capital do estado do Novo México, onde se passa a série. Depois, se transformarão em produto de exportação para o Leste Europeu.
Nesse processo, no qual White se transforma de cidadão de bem em contraventor procurado pela polícia, tem papel fundamental seu ex-aluno Jesse Pinkman (Aaron Paul), um jovem desajustado, rejeitado pelos pais, que primeiro se torna assistente do professor, para depois virar sócio e, por fim, uma espécie de filho postiço do protagonista. Ao longo das temporadas da série, essa relação passa por toda sorte de revezes, alguns trágicos, pontuados sempre por um intenso afeto por vezes disfarçado de hostilidade.
Na segunda metade da quinta temporada de Breaking Bad, que agora chega às lojas e locadoras brasileiras em uma caixa separada, cheia de extras, que incluem até um desfecho alternativo (e hilário), Walt, conhecido no mundo do crime pela alcunha de Heisenberg, entra em rota descendente de autodestruição.
O câncer, antes em remissão, voltou, seu cunhado, o investigador da Divisão de Narcóticos Hank Schrader (Dean Norris), descobre sua identidade e tudo parece estar desmoronando ao redor de White.
Escritos com maestria, sob a supervisão de seu criador, Vince Gilligan, Breaking Bad, nessa reta final, premiada com o Emmy e favorita ao próximo Globo de Ouro, não faz concessões e segue em um crescendo tenso e absurdamente dramático até chegar a um desenlace que deveria servir de modelo de como arrematar uma série em seu auge, e em grande estilo.
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