O cineasta Werner Herzog, que já fez filmes sobre ursos pardos no Alasca e sobre um piloto perdido no Laos, acaba de concluir uma filmagem na Antártica, e quer deixar uma coisa bem clara: foi moleza.
Herzog, 64, filmou no monte Erebus, onde há um vulcão em atividade, durante a primavera antártica.
Embora ele reconheça que fazia frio, e que a trupe demorou alguns dias para se ambientar antes de chegar ao cume, a 4.118 metros de altitude, o cineasta elogiou a praticidade da locação.
``É fácil'', disse Herzog numa entrevista recente à Reuters, enquanto esperava para embarcar no jato militar que o levaria embora do local das filmagens. O premiado alemão, que também é roteirista, ator e diretor de ópera, é conhecido por filmes de arte como ``Fitzcarraldo'' e ``Nosferatu''.
Entre seus projetos recentes estão ``O Homem-Urso'', um documentário sobre ativistas que foram mortos no Alasca pelos animais que pretendiam proteger, e ``Rescue Dawn'', sobre um piloto de caça norte-americano que é abatido sobre o Laos durante a Guerra do Vietnã.
Para Herzog, as pessoas têm a impressão errada na Antártica, por causa dos tempos dos exploradores heróicos. ``É um tipo de imagem que ficou perpetuada desde 1903 ou 1910 ou 1911'', disse ele. ``Agora lá tem um café, um barbeiro e uma emissora de TV. Tem caixa eletrônico, o que mais se pode querer?''
Essas facilidades ficam na Estação McMurdo, a maior instalação científica dos EUA no continente, que Herzog usou de base para o projeto, um documentário que deve ser transmitido pelo Discovery Channel no ano que vem.
``Transporte bom, cama quente, chuveiro'', continuou Herzog, listando as condições que encontrou na Antártica. ``Ninguém deve tentar perpetuar a imagem de que este é um continente selvagem, furiosamente anti-humano.''
Ele se interessou em fazer um filme na Antártica depois de ver imagens submarinas feitas perto de McMurdo pelo mergulhador e guitarrista experimental Henry Kaiser. Herzog, que mora em Los Angeles, ficou ao mesmo tempo entusiasmado e temeroso quando Kaiser lhe sugeriu filmar no Pólo Sul.
George Butler, autor de um documentário de 2000 sobre a viagem do explorador Ernest Shacketon à Antártica, que acabou se transformando numa missão para manter a tripulação viva, disse ter ficado encantado com o continente, que chamou de ``o lugar mais belo da Terra''.
Butler elogia a vida selvagem, a variedade dos pássaros, a mudança da luminosidade e a natureza intocada do continente gelado. ``Sempre tento fazer filmes que superem a imaginação'', disse ele.
Para Herzog, o céu azul chegou a ser até desagradável. ''Parecia aqueles cartões postais ridículos: céu azul'', disse ele. ``Eu queria estar lá nos meses de escuridão. Mas não faria sentido, porque aí não sobra quase ninguém. E meu sentimento é muito para com as pessoas que vêm para cá, que fazem ciência, que prestam serviços à comunidade, que cuidam da logística, que lavam a louça'', afirmou. ``Não se encontram mais homens e mulheres de bem assim em qualquer lugar.''
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano