A Vida Íntima de Sherlock Holmes (1970) mostra que a versão mais recente de um filme sobre o detetive criado por sir Arthur Conan Doyle, com Robert Downey Jr., não é lá muito original.
Muito se falou sobre como a produção explorou a tensão sexual de Holmes com o amigo John Watson, mas Billy Wilder (1906-2002) fez isso quatro décadas atrás.
O lançamento em DVD de A Vida Íntima... é notícia porque o filme nunca foi lançado no Brasil em VHS. Na história, Wilder e o fiel colaborador I.A.L. Diamond parecem ter escrito um roteiro a partir da pergunta: como seria a maior paixão da vida de Holmes?
Para início de conversa, ela seria absolutamente linda e falaria com sotaque francês. Gabrielle Valladon (Geneviève Page) surge na residência da Baker Street sentindo-se fraca e sem memória. Holmes (Robert Stephens) e Watson (Colin Blakely) aceitam o "caso", o primeiro com alguma relutância e o segundo com toda a energia possível.
Ao tentar descobrir o que teria acontecido com a bela Gabrielle, os dois se envolvem, claro, em um esquema complicadíssimo que inclui a rainha da Inglaterra e Mycroft, irmão de Sherlock, interpretado pelo ator Christopher Lee (que ficaria famoso como Drácula).
A questão é que A Vida Íntima... está longe de ser um grande filme de Billy Wilder. O diretor produzia clássicos com uma regularidade embasbacante: Crepúsculo dos Deuses (1950), A Montanha dos Sete Abutres (1951), O Pecado Mora ao Lado (1955), Quanto Mais Quente Melhor (1959) e isso só nos anos 1950 (existe mais, muito mais).
Por tudo isso, Wilder se enquadra na categoria de cineastas que, mesmo não estando no melhor da forma (como em A Vida Íntima de Sherlock Holmes), ainda é muito, muito melhor do que a maioria. GGG
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