Takes
Confira alguns pontos altos da Berlinale ao longo do último fim de semana:
"Eu uso óculos"
A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel (foto) experimenta um par de óculos especiais para assistir à projeção em 3D do documentário Pina, de Wim Wenders, que leva a tela grande as coreografias de Pina Bausch.
Latino
El Premio, da cineasta mexicana Paula Markovitch, foi exibido na mostra competitiva da 61.ª edição do Festival de Berlim, precedido de muita expectativa. Conforme a diretora, o filme é autobiográfico e revive suas memórias da infância. A história segue a menina Ceci, de 7 anos, e sua mãe, que vivem escondidas por causa da repressão militar na Argentina.
Na escola, ela sabe que não deve revelar sua verdadeira identidade para as outras crianças e que a segurança da família depende do seu silêncio. Ceci luta para parecer igual aos demais, para sua mãe aprovar os seus atos e também para ser agradável a todos."El Premio trata de situações a que, muitas vezes, somos submetidos num mundo pleno de violência, repressão, confusão e medo. Essa história tem dado voltas na minha cabeça por quase 20 anos e de alguma maneira, eu sempre soube que teria que precisava fazer esse relato", disse Paula na coletiva para a imprensa.
Tropa 2 é aplaudido
Na noite da última sexta feira, aconteceu a estréia para o público, em sessão de gala, no enorme Friedrichstadpalast (de 2.500 lugares), de Tropa de Elite 2, de José Padilha. O cinema estava com cerca de 80% de sua lotação, o que é um número surpreendente, principalmente considerando que muitas outras atrações aconteciam no mesmo horário. A presença de um público tão numeroso, a acolhida calorosa e os aplausos entusiasmados dão sinais de que o filme deve ter sucesso também nas telas internacionais.
O aclamado Wim Wenders, diretor de sucessos como Paris, Texas (1984) e Buena Vista Social Club (1999), foi o destaque do último domingo no Festival Internacional de Cinema de Berlim com Pina, seu documentário sobre a coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009), um projeto que ele acalentava há mais de 25 anos.
O filme que integra a Mostra Oficial fora de competição e traz a encenação das famosas coreografias de Bausch, entre elas Café Muller, A Sagração da Primavera e a peça Kontakthof foi gravado com a tecnologia tridimensional utilizada em filmes de animação e com efeitos especiais que fazem com que os espectadores se sintam dentro da tela.
Além de trazer os grandes números da companhia de Bausch, há peças mais breves como a coreografia Água (2001), dançada ao som de "O Leãozinho", de Caetano Veloso.
Bausch ficou conhecida por ter rompido com formas tradicionais de dança-teatro, utilizando-se de ações paralelas, contraposições estéticas e uma linguagem corporal incomum.
Sua morte inesperada em 2009, aos 68 anos, após ser diagnosticada com câncer e a constatação pelos realizadores de que a tela em duas dimensões não funcionaria, determinou mudanças no projeto inicial.
Visivelmente satisfeito em estar lançando seu filme, Wenders concedeu uma entrevista coletiva após a concorrida projeção, da qual participou a Gazeta do Povo. Leia os principais trechos:
O que o levou a realizar um filme sobre Pina Bausch?
É um projeto bastante antigo. Há 25 anos, depois de assistir a várias obras de Pina, eu fiquei profundamente emocionado, entendi o movimento humano, os gestos e as emoções numa nova perspectiva. Tive, então, a ideia de fazer um documentário sobre sua vida e sua obra para passar essa magia para a tela grande.
E por que somente agora foi realizado?
Quando comecei a formatá-lo, me dei conta de que a gravação com uma câmera de filme tradicional, deixaria algo de lado. A tela do filme em duas dimensões não foi capaz de captar nem emocional nem esteticamente o legado de Pina. Com a morte dela e, após um tempo parado, decidi retomar os planos de filmagem utilizando a tecnologia 3D e dando um novo rumo ao roteiro.
Qual a grande diferença de utilizar 3D, tendo como foco a obra da coreógrafa?
A tecnologia tridimensional permite transportar o público diretamente ao palco, retratando o movimento humano nas coreografias de uma maneira totalmente nova. Os espectadores têm a oportunidade de ver a dança de Pina como se estivessem sentados na primeira fila de um teatro. Esse meu sonho antigo só foi possível devido ao 3D, que irrompe no cinema atualmente, e que permite levar as pessoas até ao palco.
Como a morte inesperada dela afetou a realização do projeto?
Pina faleceu um mês antes de supostamente começarmos a filmar e eu perdi o chão. Só após um tempo, percebemos em conjunto com seu grupo, o Tanztheather, da cidade alemã de Wuppertal, que devíamos à Pina fazer o filme de qualquer forma. Então, decidi meconcentrar nos dançarinos, seus instrumentos e fora do palco, algo diferente daquilo que teria feito junto com ela.
Qual foi o principal desafio?
Talvez tenha sido reunir 40 tipos de música de várias épocas e países diferentes em uma mesma linha narrativa. E não mudamos nada, está tudo lá, como Pina concebeu.
Foi difícil fazer o filme em 3D?
Para rodar um documentário em 3D é necessário esquecer coisas que a gente sabe sobre filmagem; é algo muito novo ainda e um processo longo. Quando estava no meio da edição, achava que o filme não ficaria pronto para esta sessão. Mas acho que é a ferramenta ideal para documentaristas e que, no futuro, todo documentário será rodado dessa forma.
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