Lançamento
O Livro das Mulheres Extraordinárias
Xico Sá. Três Estrelas, 263 págs., R$ 39. Crônicas.
Pensem num "cabra" que sabe galantear as mulheres. O escritor cearense Xico Sá tem dedicado parte de sua produção literária a esta velha arte. Em suas crônicas publicadas no jornal Folha de S. Paulo ou em seu blog, Xico Sá, não raro, se ocupa de cantar as belezas da mulher brasileira.
Parte destes textos está reunida no Livro das Mulheres Extraordinárias, uma seleção de 127 "crônicas de devoção amorosa". Um texto para cada uma das mulheres fatais do panteão romântico do autor.
"Em alguns casos, até mesmo o fato de elas serem bonitinhas, mas ordinárias, de tão ordinárias as fazem extraordinárias, eis uma das belas contradições do livro", disse o cronista para explicar o seu critério de escolha.
O estilo inconfundível do autor, que ele batiza de "crônica da devoção escancarada", produz textos divertidos e derramados, como o pedido de casamento a Luiza Brunet. Mulheres de diferentes gerações e personalidades estão perfiladas: da escritora Lygia Fagundes Telles a Deborah Secco.
A atriz curitibana Guta Ruiz é o exemplo para o elogio da mulher de nariz grande; Sonia Braga a musa maior; a modelo transsexual Lea T. também ganhou uma página de elogios: "Belo e cirúrgico drible nos gêneros".
"Aqui estão meus amores televisivos, cinematográficos, dramáticos, musicais, artísticos... Amores do gênero tão longe, tão perto", confessa.
Garante que ainda não foi repreendido pelos maridos de suas musas. "Pelos lançamentos até agora, aconteceu o contrário: alguns maridos compareceram e ficaram orgulhosos", ri.
Legado
Xico Sá avalia que sua prosa devota à beleza feminina deve tributo ao legado das obras de outros escritores mulherengos, como Vinicius de Moraes (1913-1980), Antônio Maria (1921-1964) e Paulo Mendes Campos (1922-1991).
"Creio que meu livro inaugura um subgênero que podemos chamar de "cantada literária". A devoção é pura influência de cronistas ou poetas e do próprio Luis Fernando Verissimo quando se derrama pela Luana Piovani ou pela Patrícia Poeta.
O escritor conta que um segundo volume está quase pronto em que Xico Sá irá falar sobre outras mulheres "extraordinárias" do país. Ele, no entanto, não descarta a ideia de estender as fronteiras de seus xavecos literários.
"Tenho um segundo volume quase pronto, mas continuo com as musas brasileiras, o que é uma fartura inesgotável. Uma estrangeira que não poderia ficar de fora nenhum livro do gênero seria a Scarlett Johansson", destaca.
Entrevista - Xico Sá, escritor
"Sou do time dos últimos românticos"
Há quem diga que você usa suas crônicas como um truque barato de sedução. Como você avalia esta "acusação"?
Como um cronista da vida ordinária e poeta vagabundo nas horas vagas, meus truques só poderiam ser baratos. Têm homens que usam diamantes, como fizeram como a Marylin Monroe. Eu vou de lirismo e alguma poesia.
Você já foi patrulhado, chamado de sexista, machista e coisas assim. Isso te incomoda?
Já me chamaram de tudo isso. Em algumas ocasiões, elas tinham razão; na maioria das vezes, não. Há quem veja nessa minha devoção às mulheres uma ideia machista, por elevar as fêmeas a uma condição superior, quase colocando-as em um altar sagrado. Podem me acusar de tudo, menos de falta de delicadeza. Sou do time dos últimos românticos.
Há algo mais bonito que uma mulher bonita? A mulher bonita é o que temos de melhor no Brasil?
A mulher do Brasil é a mais bonita e gostosa do mundo, beneficiada pela mestiçagem, como já observava Gilberto Freyre nos seus ensaios. Aliás, uso o livro Modos de Homem & Modas de Mulher, no qual Freyre exalta Sonia Braga, Vera Fischer e até Roberta Close, como um dos guias intelectuais do meu derramamento às mulheres extraordinárias.
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