Yoko Ono completou 80 anos ontem sem que a idade tenha detido seu trabalho artístico e seu ativismo, que nos últimos meses esteve centrado na luta contra o fracking, discutida técnica de extração de hidrocarbonetos, e na defesa do fundador do Wikileaks, Julian Assange.
Artista plástica, música e cineasta de vanguarda, ativista e viúva ilustre de John Lennon, Yoko Ono vive em Nova York desde 1951 e a passagem do tempo não diminuiu sua energia, já que nos últimos meses também manteve uma intensa atividade. Yoko celebrou seu aniversário no último domingo, com um show na famosa sala Volksbühne de Berlim, na qual se apresentou junto com a Plastic Ono Band, liderada por seu filho Sean Lennon.
Nascida em Tóquio, em 18 de fevereiro de 1933, Yoko Ono ganhou muita importância nos últimos meses na vida nova-iorquina por sua intensa militância contra o fracking, processo pelo qual camadas muito profundas de rochas do subsolo são perfuradas com a pressão da água acompanhada de produtos químicos, que desgastam o mineral e permitem chegar a bolsas de gás natural e petróleo até então impossíveis de extrair.
Este método revolucionou nos últimos anos a produção de hidrocarbonetos nos Estados Unidos, mas seus críticos acreditam que os produtos usados no procedimento poluem as águas subterrâneas e geram vazamentos de gases do efeito estufa. Yoko Ono promoveu a iniciativa Artistas contra o Fracking (que reúne 200 nomes de primeira linha: de Susan Sarandon e Richard Gere até Lady Gaga e Anne Hathaway).
A ativa campanha de Yoko e do grupo, com manifestações, anúncios, recolhimento de assinaturas e artigos de imprensa, contribuiu para que o governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciasse na semana passada uma moratória na decisão de autorizar esta técnica no estado até avaliar mais a fundo suas consequências.
Paz, moda e música
Apesar de ter lutado para tentar ser mais que a viúva de John Lennon (assassinado em 1980 na entrada do mítico edifício Dakota, em frente ao Central Park), Yoko não deixa de lembrar a mensagem a favor da paz do cantor, como quando no último dia 21 dezembro convocou seus fãs a Times Square para cantar "Imagine", uma das canções emblemáticas do músico.
Poucos dias antes, em 15 de dezembro, Yoko Ono recebeu em Berlim a medalha Rainer Hildebrandt por sua militância a favor da paz. Fora do ativismo, a artista também se lançou recentemente ao mundo da moda, com a apresentação, no final de novembro do ano passado, de uma coleção de roupas masculinas desenhadas por ela e inspiradas em Lennon.
Quanto à carreira musical, no ano passado chegou ao mercado um disco com seis músicas gravadas juntas com Kim Gordon e Thurston Moore, membros do grupo de rock alternativo Sonic Youth, e a artista segue preparando novos projetos.
Enquanto isso, sua exposição retrospectiva Half-a-Wind Show deu início, na sexta-feira passada, a uma turnê europeia na cidade alemã de Frankfurt, com paradas previstas na Dinamarca, Áustria e Espanha. Sejam quais forem seus projetos para o futuro, parece que nem os 80 anos serão capazes de frear Yoko Ono.
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