Estreia
Para Ler aos Trinta
Teatro Universitário de Curitiba TUC (Galeria Julio Moreira Largo da Ordem, 30), (41) 3321-3312. Com Kelly Eshima e Uyara Torrente. Dias 4 de abril, às 19 e 22 horas, e 5, às 13 e 16 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa não informada.
No novo horizonte da cena teatral brasileira, surgem novas configurações e ajuntamentos que não necessariamente representam grupos formalizados. É o caso do novo projeto da diretora curitibana Nina Rosa Sá: Z(elig), assinatura que pretende usar em suas próximas peças.
Durante os últimos anos, ela dirigiu espetáculos a convite de outros grupos, em experiências como Em Breve nos Cinemas e Tempestade Inabitada ambos textos seus. "Agora estou achando melhor montar textos de outras pessoas, porque as possibilidades de encenação parecem infinitas", contou Nina à reportagem durante ensaio de sua próxima estreia, Para Ler aos Trinta. Em novembro de 2013, a peça ganhou uma leitura em São Paulo e agora terá montagem de cerca de 30 minutos dentro da mostra Coletivo de Pequenos Conteúdos.
A versão estreia no próximo Fringe, com apresentações dias 4 e 5 de abril. No elenco estão a atriz e vocalista da Banda Mais Bonita da Cidade, Uyara Torrente, e Kelly Eshima. O texto é da dramaturga Lígia Souza.
"É curto, conciso, mas diz muita coisa. Demora muito tempo para você desvendar quem é essa pessoa que fala", conta Nina sobre a protagonista, uma bailarina que escreve cartas para si mesma só que no passado. "Ela diz que as palavras são uma máquina do tempo, e escreve na tentativa de mudar várias coisas que já aconteceram."
A peça é estruturada na forma de vários "ps" de cartas uma forma fragmentada pela qual descobrimos, por exemplo, seu gosto pela música de Piaf e de Ella Fitzgerald.
Em meio às dicas deixadas pelo texto, pode-se supor que a personagem esteja com algum problema de saúde o presente, porém, é de menor importância diante de sua obsessão com o passado.
"Piramos um pouco sobre física quântica e matemática abstrata para falar sobre o tempo. Ela diz, por exemplo, que os acontecimentos estão sempre no passado e a percepção, no presente. Isso permeia toda a peça que precisava ser montada", empolga-se Nina.
Woody Allen
O nome do projeto vem do filme Zelig, de Woody Allen (1983), cujo protagonista, tal qual um camaleão, assume as características das pessoas com quem convive. A ideia surgiu em trabalhos de faculdade, ao lado do ator e músico Leo Fressato, em 2008 e nunca saiu da cabeça de Nina. Isso porque ela diz sentir-se como o personagem do filme em relação aos artistas com quem tem trabalhado e ainda pretende trabalhar e de quem tira inspiração.
Entre os próximos projetos planejados por essa "mulher-grupo" está uma nova peça de Lígia, Persone, também sobre uma bailarina.