É devagar!
É devagar!
É devagar, é devagar
Devagarinho
Sempre me deram a fama
De ser muito devagar
E desse jeito
Vou driblando os espinhos
Vou seguindo o meu caminho
Sei aonde vou chegar
Martinho da Vila
Bastou se atrasar um pouco, bem pouco mesmo, mas foi o suficiente para deixar passar a alta da ordem de 40% da Bolsa em 2016, e de 27%, em 2017.
O dinheiro já estava separado, pronto para investir. Pena que não deu tempo para comprar aquele título público prefixado que me pagaria quase 17% ao ano sem eu ter que fazer nenhum esforço.
E passou assim, sem nem perceber, a oportunidade de garantir os dólares antes de a crise estourar. A casa de câmbio bem que avisou que era melhor adquirir a moeda a R$ 3,20 em janeiro, mas a gente sempre acredita que vai ficar mais barata, né? Agora resta encarar o dólar 36% mais caro, a R$ 4,35, ou desistir da viagem para fora do país.
Não adianta mentir, é mais forte do que pensamos, é quase parte de quem nós somos.
A grande maioria das pessoas tem uma propensão natural a procrastinar.
Salvo aquelas raríssimas e invejáveis figuras que levam disciplina realmente a sério, nós, os “normais”, sabemos o quão tentador é adiar tarefas que não nos dão prazer imediato, para se ocupar de atividades com bons retornos de curtíssimo prazo e, muitas vezes, bastante superficiais.
O vício da preguiça acomete a todos, em diferentes graus e momentos da vida, seja no trabalho, no estudo ou nas ocupações domésticas.
E não são só tarefas inglórias que nos motivam a atrasar. Aquelas mais difíceis, que exigem aprendizado e dedicação, costumam ser relegadas a segundo plano e concluídas aos 45 minutos do segundo tempo.
O problema é que, quando a procrastinação envolve seu dinheiro, esperar um pouco pode significar perder de vez a chance de fazer um excelente negócio.
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Apenas cinco minutos, nada mais
Sejamos sinceros.
Quantos de vocês, leitores desta coluna, reservam algum tempo para cuidar/investir seu dinheiro, por menor que seja?
Qual a quantidade de pessoas que efetivamente olha para além da caderneta de poupança, seja procurando oportunidades baratas no Tesouro Direto, nos produtos bancários ou, então, em fundos de investimentos rentáveis (na maior parte das vezes, fora dos grandes bancos)?
Já se foram oito meses de 2018. E é fácil deduzir que, dentre aquelas tradicionais promessas de ano novo, a de aplicar ou gerir melhor seu dinheiro estava presente.
E o que você fez em relação a isso?
Enquanto o tempo passa e você espera o momento “ideal” para aplicar, seja depois das eleições, seja quando a crise nos mercados emergentes arrefecer ou quando Donald Trump deixar de ser presidente dos Estados Unidos, aquele investimento pode desaparecer, ou simplesmente não caber mais no seu bolso.
O quadro hoje é imprevisível, mas contra fatos não há argumentos.
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O custo de oportunidade, isto é, o valor/benefício ao qual você renuncia ao assumir uma escolha (no caso em questão, de investimento), é hoje de 6,5%, considerando o atual nível da taxa básica de juros brasileira.
Na prática, isso significa dizer que, para buscar um retorno além da sua zona de conforto, será preciso arriscar, mesmo que pouco.
Talvez sua opção seja por ações, em meio a uma perspectiva de recuperação da Bolsa, que acumulou alta de apenas 0,36% no ano até agosto; talvez você prefira procurar bons fundos imobiliários, de olho numa retomada do mercado; ou talvez você queira optar por investimentos mais seguros, atento às taxas de retorno mais altas no Tesouro Direto, fruto de um ambiente mais incerto.
Uma coisa é certa: há sempre boas alternativas ao seu alcance. Você pode se satisfazer com o minguado retorno de 6,5% ao ano ou, então, topar correr algum tipo de risco, em busca de uma rentabilidade mais alta.
Mas não espere muito para se decidir. A hora de se mexer é sempre agora.
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