No início da década de 1990, o então assessor do ex-presidente americano Bill Clinton tornou famosa uma frase que acabou sendo repetida em diversas eleições, inclusive fora do país.
O jargão “É a economia, estúpido” foi criado por James Carville para dar força ao democrata numa disputa contra George Bush pai, que saía vitorioso da Guerra do Golfo.
O intuito era mostrar que o problema central à época estava na recessão do país e que o melhor presidente seria justamente aquele que conseguisse apresentar propostas sólidas para superar a crise econômica, não negligenciá-la em detrimento da política externa.
Deu Clinton na eleição, e os Estados Unidos sustentaram o mais longo ciclo de crescimento econômico da história do país, o que foi alçado ao posto de grande legado do ex-presidente.
Aqui no Brasil, a corrida eleitoral ainda está no princípio e os próximos dois meses prometem ser de muito debate – espero – e maior elucidação para que os 46% indecisos (segundo o Datafolha*) possam, quem sabe, escolher um candidato.
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E a economia certamente terá peso relevante, em um contexto de Brasil ainda se recuperando de uma crise e com um governo que terá dificuldade para colocar o país nos trilhos novamente.
A inflação segue baixa e controlada, assim como os juros estão no piso histórico, mas a atividade ainda está em processo de retomada. Não podemos nos esquecer disso. Saímos da UTI, mas seguimos no quarto para receber alta.
No primeiro trimestre de 2018, o PIB cresceu 0,4% em relação aos três meses anteriores e 1,2% na comparação anual.
A projeção de expansão neste ano já caiu, contudo, por conta da greve dos caminhoneiros e, é claro, do menor ritmo da retomada. O governo espera um crescimento do PIB de 1,6% em 2018, bem abaixo dos 2,5% projetados anteriormente. Já a expectativa para a inflação cresceu, de 3,4% para 4,2%.
O fato é que esse governo parece já ter encerrado o expediente e há ainda muita incerteza no horizonte com o próximo presidente, que não chegará desavisado.
Nesta semana, a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, foi bem taxativa ao afirmar que o Brasil está em um dos piores momentos de sua história em termos de contas públicas.
Falta confiança e sobram palpiteiros, mas o Brasil, ou melhor, o brasileiro segue trabalhando. E quem acompanha minmamente o mercado financeiro vê as mudanças diariamente e tem duas alternativas: encarar a situação com razão ou puramente com emoção.
Cabeça > Coração?
Independentemente de quem vai ser seu candidato à presidência e as razões pelas quais você vai defender seu voto, o mundo financeiro não vai parar. Sei que não parece, mas o dinheiro se movimenta em função e apesar da política. Ele se ajusta a qualquer cenário, estando-se ou não de acordo.
E muita gente parece estar deixando a emoção prevalecer sobre a razão no tocante ao bolso. A apreensão de alguns com o que virá pela frente está prejudicando bastante seu julgamento sobre onde alocar o dinheiro.
Afinal, por que outra razão tanta gente estaria poupando por meio da tão ultrapassada caderneta de poupança?
O produto registrou entrada líquida pelo quinto mês seguido, dessa vez de R$ 3,75 bilhões, em julho. No ano, a captação da poupança já soma R$ 11,1 bilhões. Isso com a Selic rendendo míseros 6,5% ao ano.
Parece que muitos relutam a entender que, toda vez que a Selic está em baixa, o rendimento da caderneta também diminui sensivelmente.
Confesso que já consigo até escutar alguns mencionando o benefício tributário da caderneta…
Lamento informar. Mesmo com a isenção de Imposto de Renda sobre os ganhos, a poupança perde para aplicações tão seguras e conservadoras quanto. Neste ano até julho, a caderneta rendia apenas 2,7%, abaixo dos 3,76% do CDI; em 12 meses, a caderneta perdia para o referencial da renda fixa de 5,22% para 7,09%; e, em dois anos, a diferença aumentava de 13,3% para 20,5%.
Pode descontar a maior alíquota possível de IR, de 22,5%, que qualquer CDB que renda 100% do CDI vai bater a caderneta nos três prazos. E com a mesma segurança e, em muitos casos, liquidez idêntica.
Ainda assim, tem muita gente batendo cabeça. É só dar uma olhada na procura dos brasileiros por produtos consistentemente ruins.
Uma pesquisa elaborada pela Economatica mostrou que o segundo fundo de investimento com maior captação líquida no mês de julho rende míseros 26,8% do CDI, em 12 meses. Em 36 meses, o retorno segue medíocre e não chega a nem 50% do CDI.
Quem avisa amigo é. O fundo em questão é da Caixa Econômica. O Caixa Prático FIC Renda Fixa Curto Prazo conta com 15,5 mil cotistas e sua taxa de administração corresponde a nada menos que 5% ao ano. O levantamento da provedora de informações financeiras só considerou fundos com mais de 10 mil cotistas.
Veja, se você está no grupo dos poupadores já merece os parabéns. Todos sabemos como é difícil economizar num país como o Brasil.
Mas sinto dizer. Poupar não é igual a investir. E já passou da hora de você repensar seus conceitos. Político nenhum vai assumir essa tarefa em sua vida.
* A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. O universo da pesquisa é composto pelos eleitores com 16 anos ou mais do país. Nesse levantamento realizado do dia 06 ao dia 07 de junho de 2018, foram realizadas 2.824 entrevistas presenciais em 174 municípios, com margem de erro máxima 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Isto significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista. Essa pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisas de Opinião do Datafolha. Essa pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número – BR 05110/2018.
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