Emergência, emergência, emergência.
Sem tempo para nada, sem contato, sem ajuda, sem dinheiro, sem saída.
Dias de caos, de pânico, de falta de perspectiva ou de condições para colocar a vida no eixo.
Ao longo dessa última semana, a tragédia de Brumadinho vem repercutindo dentro da casa de todos os brasileiros e despertando o mais profundo sentimento de compaixão e desolação. Como é que pode, de um dia para o outro, tudo ruir, todos os projetos virarem pó?
Dispensável dizer que o principal prejuízo dessa catástrofe são as vítimas, seus familiares e amigos, que precisam enfrentar, sem aviso prévio, o luto.
Sem aviso prévio. É justamente nesse ponto que nos apegamos em situações catastróficas como a mineira: a falta de controle sobre a vida.
Ninguém escolhe a hora de morrer, já sabemos, mas será que podemos ao menos tentar amenizar um pouco a dor financeira de um imprevisto?
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Em uma tragédia como a de Brumadinho, pelo menos 99 pessoas (até o momento da elaboração desta coluna) não tiveram a chance de sobreviver para pensar em como lidariam com situações extremas.
Mas se você pudesse analisar sua vida hoje, o que faria para tentar aliviar o martírio financeiro causado por um imprevisto?
Claro que não estamos falando de situações limites como a de um deslizamento de barragem, mas de imprevistos menores que fazem parte da vida de milhares de pessoas diariamente e que podem afetar substancialmente seu bolso.
Machucar-se no trabalho, ficar afastado por estresse, ser demitido, pedir demissão para cuidar repentinamente de um parente. Quantas histórias difíceis não presenciamos no dia a dia, sem ter o que fazer para ajudar?
É complicado falar de dinheiro quando é evidente que este é o menor dos problemas em momentos em que a vida está em jogo. Porém quantos são os casos em que é justamente o problema financeiro o mais grave de uma família?
Controle de danos
Não há como controlar 100% o rumo de nossas vidas, mas é possível fazer um esforço para que os prejuízos materiais sejam os menores possíveis.
Para isso, proponho a você refletir sobre três alternativas.
A primeira delas é ter SEMPRE uma folga financeira. Não existe saída milagrosa, nem super-heróis para nos salvar quando o barco está afundando. Não dá para contar com a solidariedade alheia ou com compreensão. É imprescindível ter dinheiro na mão, acessível, para saque a qualquer hora.
Fundo DI, Tesouro Selic ou CDB com liquidez diária que pague 100% do CDI. Escolha sua opção e forme uma reserva suficiente para ao menos seis meses dos seus gastos médios mensais.
O segundo ponto é uma alternativa para proteger a parte do seu dinheiro investido em renda variável e que, portanto, oscila.
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Mesmo que os últimos anos tenham sido generosos com a Bolsa, não se iluda: não há garantia de rendimento quando você coloca seu dinheiro em risco. Por isso, prepare-se sempre para o pior, a fim de amenizar as perdas.
Um fundo cambial ou de ouro pode dar conta do recado. Lembre-se de que a ideia não é lucrar com o investimento nesses fundos, mas estar sempre preparado para dias piores.
Por fim, a última sugestão é voltada para aqueles com dependentes. Falo por experiência própria, filha de um pai que partiu cedo e que teve o cuidado de se preparar para o completo imprevisto.
Seguros de vida ainda são pouco difundidos no Brasil, embora possam ter um papel fundamental na vida dos que ficam. Pode ser temporário, voltado para a educação dos filhos, resgatável ou de qualquer outro tipo. O importante é existir e dar conta do recado, isto é, compreender um patrimônio suficiente para a autonomia dos herdeiros.
Viver não é tarefa simples, mas sobreviver é uma benção. Por isso, torço para que todos possamos dar maior valor à vida no presente. Simplificando sempre.
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