![3 motivos para ser CONTRA a reforma da Previdência Henry Milleo/Gazeta do Povo](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2019/02/previdencia-hm-768x512-adeb1d54.jpg)
O gasto com Previdência cresce cerca de R$ 50 bilhões por ano – somente no governo federal. Por isso, se a reforma da Previdência não for feita, o impacto será tremendo em diversas áreas do Estado e da economia. Neste texto exploramos algumas consequências “positivas”, para quem quiser ver o copo meio cheio. Alerta: este é um texto irônico.
1) Sem reforma, teremos Estado Mínimo
A esquerda protesta mais contra a reforma da Previdência, mas a sua consequência é o próprio Estado Mínimo. Se já não há dinheiro para o fornecimento de serviços públicos importantes, a tendência é piorar.
Hoje, no governo federal, a Previdência responde por 60% do total do gasto. Em 10 anos, sem reforma, será 80%. Despesas como saúde, educação e infraestrutura – que hoje cabem nesses 40% restantes do orçamento (100%-60%) – terão de caber na metade disso (100%-80%)!
Isso porque a Previdência cresce com o envelhecimento populacional, e, por ser um gasto obrigatório, ocupará fatias cada vez maiores do bolo. O tamanho do bolo é fixo, por conta do teto de gastos.
Em 2027, o Teto de Gastos pode ser modificado, mas também pode ser mantido. Se fosse, e na ausência de reforma, ao redor de 2035 a Previdência simplesmente ocuparia todo orçamento do governo.
LEIA TAMBÉM: Jornalismo nos próximos 100 anos: as criptomoedas vão acabar com as fake news?
Ainda que esse cenário seja irrealista – seja porque uma reforma acabaria sendo feita ou porque o Teto acabaria – ela evidencia as consequências de não reformar.
E uma das consequências é sim o Estado Mínimo. Hoje já temos Estado Mínimo em diversas áreas importantes, especialmente para os mais pobres, como creches, saneamento básico e qualificação profissional. Se ma reforma da Previdência, observaremos cada vez mais ausência de investimento e contratações na saúde, na educação, na segurança.
Vale lembrar que o problema não é só federal. Como Estados e Municípios também possuem previdências para seus servidores, altamente desequilibradas, a escassez de recursos compromete políticas públicas nos 3 níveis de governo.
O déficit atuarial – soma dos déficits futuros – até 2060 é de mais de R$ 5 trilhões para Estados e Municípios. E é de mais de R$ 9 trilhões para a União. Esses trilhões vão consumir cada vez mais espaço do orçamento.
Os liberais poderiam se animar, mas relembramos: este é um texto irônico. Teremos Estado Mínimo com carga tributária alta. Muitos tributos terão que ser elevados para fazer frente a esta despesa, mesmo que outras despesas fossem cortadas. O crescimento do gasto equivale a uma CPMF nova todo ano.
2) Sem reforma, é #PrivatizaTudo
À medida que o Estado se ver cada vez mais sem recursos por conta da Previdência, ele se verá cada vez mais obrigado a privatizar. Isso tanto porque se livra de prestar serviços, que passariam a ser custeados diretamente pelos usuários – como nas concessões de rodovias ou aeroportos – como porque precisará fazer caixa.
O grande passivo representado pelo desequilíbrio atuarial pode ser parcialmente mitigado com os ativos do Estado. Está longe de ser ideal vender empresas para fazer caixa, mas essa é uma das opções que governos de cidades, Estados e o federal terão. De novo, estamos falamos de um déficit atuarial de cerca de R$ 15 trilhões no total.
LEIA TAMBÉM: É fake! Reforma não limitou indenizações em Brumadinho a 50 salários
O déficit financeiro, anual, na soma dos regimes é de quase R$ 400 bilhões. É mais do que todo o valor de mercado da Petrobrás! Sim: se a Petrobrás fosse vendida e o dinheiro fosse usado para cobrir a Previdência não se pagaria nem 1 ano de déficit.
3) Sem reforma, voltaremos aos anos 1980
Os nostálgicos ou os que simplesmente gostariam de saber como é viver em outra época devem ser contra a reforma da Previdência. Vale também para os saudosistas do “querido” tempo da ditadura, em que vivíamos uma monstruosa hiperinflação.
Por conta do crescimento do gasto previdenciário, a dívida pública cresce. Ela pode chegar a 100% do Produto Interno Bruto (PIB) ao fim desse governo. Assim, Bolsonaro deixaria o governo com o dobro da dívida deixada pelo seu odiado antecessor Lula.
Como nossa dívida é muito cara e sobre ela incidem alguns dos maiores juros do mundo, ela não pode crescer indefinidamente. Se o governo não reformar a Previdência e não conseguir financiar o aumento desse gasto só com mais impostos ou cortes em outras áreas, ele pagará emitindo mais dívida.
No limite, a desvalorização da moeda faria o trabalho sujo de garantir o pagamento de tantos compromissos, incluindo os próprios credores. Imprimir dinheiro é especialidade da casa: o Brasil resolveu seus problemas assim até os anos 1990.
A inflação alta ainda atinge hoje o continente, vide os exemplos da Argentina e da Venezuela – que aliás deve deixar nossas viúvas da ditadura morrendo de inveja com sua inflação de 10.000.000%
A hiperinflação seria péssima: desorganizará a economia e prejudicará mais os mais pobres, que não têm aplicativo do banco no celular para se proteger do aumento de preços.
Nesse cenário, é o remarcador de preços que voltará ao supermercado e cobrará nossa fatura com a Previdência.
Os cenários do texto parecem exagerados? Não tenha dúvida: a Previdência já é hoje a principal responsável pelo corte em diversas áreas, pela carga tributária alta e pela dívida galopante.
-
Novo embate entre Musk e Moraes expõe caso de censura sobre a esquerda
-
Biden da Silva ofende Bolsonaro, opositores e antecipa eleições de 2026; acompanhe o Sem Rodeios
-
Qual o impacto da descriminalização da maconha para os municípios
-
Qual seria o melhor adversário democrata para concorrer com Donald Trump? Participe da enquete
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião