Fonte: OMS
Qualquer um realmente preocupado com o suicídio de idosos na América Latina deveria estar falando de Cuba, não do Chile.
Capitalização da reforma tem pouco a ver com Chile
Com uma dose de boa fé, podemos pensar que há somente um exagero retórico e uma legítima preocupação com eventual pobreza dos idosos em um modelo de capitalização.
O Chile domina essas discussões pelo seu pioneirismo e pelo seu modelo puro. Mas eventual capitalização no Brasil não tem como se parecer com o exemplo do Chile.
Como já falamos na coluna, a proposta de Bolsonaro/Guedes garante um piso de um salário mínimo mesmo para quem poupar pouco. A taxa de reposição das menores aposentadorias ficaria então perto de 100%, bem distante dos 30% do caso chileno.
Há ainda a possibilidade de uma capitalização apenas fictícia, o que se aproximaria mais com o modelo da Suécia do que do Chile.
Além do mais, o nosso monumental déficit na Previdência impede uma transição total para o regime de capitalização. Não há espaço para retirar todas contribuições que pagam o atual sistema e colocá-las no mercado financeiro.
Não à toa, Bolsonaro, Rodrigo Maia e o próprio Paulo Guedes já admitem que a capitalização pode ser retirada da proposta. Vamos torcer para que a lacração com o autoextermínio de idosos também.
O autor agradece os comentários de Alexandre Patriota.