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O que seu bolso pode esperar do 2.º turno entre Bolsonaro e Haddad

Painéis da B3 um dia após o primeiro turno das eleições. Ibovespa disparou com Bolsonaro como favorito para a disputa no segundo turno. (Foto: Nelson Almeida/AFP) (Foto: )

O rali de 4,57% na bolsa e a queda de mais de 2% do dólar nesta segunda feira (8) pós resultados do 1.º turno deixaram bastante claro de que lado está o mercado financeiro na disputa eleitoral. A abertura dos negócios mostrou euforia com o resultado das urnas e otimismo com o segundo turno. A vantagem significativa do candidato do PSL Jair Bolsonaro (46%) ante o petista Fernando Haddad (29,3% ) superou as pesquisas de opinião e deixou os investidores mais confiantes na vitória daqui três semanas.

A nova configuração no Congresso também foi vista com bons olhos. Houve uma grande renovação e nomes tradicionais do PT e PMDB no Senado – Romero Juca (MDB-RR), Eunicio Oliveira (MDB-CE), Jorge Viana (PT-AC), Edison Lobão (MDB-MA), Roberto Requião (MDB-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Dilma Rousseff (PT-MG) – ficaram de fora.

Ao mesmo tempo, o avanço do PSL, que tem agora a segunda maior bancada da Câmara, com 52 deputados, mostra fortalecimento do capital político do candidato, que saiu vitorioso em 14 estados, o que reduziu bastante o risco de governabilidade para um futuro governo de Bolsonaro. Já o PT encolheu e embora ainda tenha a bancada mais volumosa (56) elegeu 12 deputados a menos do que em 2014.

Diante desse conjunto de informações favoráveis aos negócios no mercado financeiro, a expectativa é de que ao longo das próximas semanas o mercado de ações continue testando novos patamares de alta, com algum movimento pontual de realização de lucros no período a depender das próximas pesquisas ou até de fatos vindos do exterior. Ações de empresas estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras já vinham de fortes altas na semana passada, mas seguiram avançaram fortemente nesta manhã e poderão continuar beneficiadas.

Além disso, a surpresa no placar eleitoral para o governo de Minas Gerais, onde o candidato do Partido Novo, Romeu Zema, levou 42,7% dos votos contra o tucano Antonio Anastasia (29,1%) e tirou da disputa o atual governador do Estado, Fernando Pimentel (PT-MG), está impulsionando as ações de Copasa e Cemig ante a perspectiva mais favorável de privatização dessas companhias caso Zema confirme vitória no segundo turno.

Enquanto o mercado surfa a onda positiva da renda variável e da desvalorização do dólar, que tende a se manter abaixo de R$ 4 nas próximas semanas, as estratégias para a Renda Fixa ficam em segundo plano, para quando estiverem um pouco mais claras as perspectivas para a condução da economia do próximo governo e as previsões para taxa de juros e inflação no ano que vem.

Mercado estará atento a entrevistas e debates

É bom lembrar, no entanto, que começa agora uma nova eleição, com estratégias de campanha que podem surpreender. O candidato petista buscará alianças para o confronto final e já acenou com uma união entre o que ele denominou “democratas do País”, o que inclui Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL) e isso pode representar uma transferência importante de votos, a conferir nas pesquisas eleitorais.

Por outro lado, Bolsonaro ainda está em reabilitação física e não há sinais de que poderá voltar ao corpo a corpo com seus eleitores, o que deve reforçar a campanha nas redes sociais. Embora essa estratégia tenha se mostrado eficiente até agora, é provável que seu adversário também reforce a atuação nessas plataformas.

Assim, embora tudo caminhe alinhado com os anseios do mercado de um governo mais aberto a reformas fiscais e privatizações, o ponto de atenção para os investidores será a participação dos candidatos em entrevista e debates, as manifestações das equipes econômicas de ambos os lados, o movimento das pesquisas eleitorais e as demonstrações de apoio do eleitorado de um e outro candidato. Toda a atenção é necessária agora, até porque ainda não temos o confronto como definido, apesar da larga vantagem aberta por Bolsonaro.

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