Nas últimas semanas tenho visto inúmeras trocas de farpas nas redes sociais sobre qual ativo é mais rentável ao longo prazo: renda fixa ou variável, CDI ou Ibovespa. Antes de entrar nessa questão específica, destaco alguns pontos como momento econômico do país, políticas que influenciaram este período, perfil do investidor, possibilidades reais para tecer julgamentos e crescimento do mercado de investimentos para pessoas físicas. Neste último caso, teríamos que levar em consideração o médio prazo. Porque, nesta última década houve uma forte entrada de novos investidores em função do grande trabalho realizado pelas plataformas digitais. Para sustentar os comparativos, vou levar em consideração os últimos 20 anos (último dia útil de março de 1999 ao de março de 2019).
Desconsiderarei todos os efeitos ao longo destas datas. A taxa Selic, que dá referência para os ativos de renda fixa, apresentou retorno de 1.169% ou 13,6% anualmente, segundo dados da Economatica. Já o CDI obteve números próximos da Selic, de 1.152% ou 13,53% ao ano. Por fim, a poupança, trouxe retorno de 362,9% ou 7,7% ao ano, considerando aplicações realizadas antes de meados de 2012, quando houve mudanças na legislação. Ou seja, nesta conta ainda estou embutindo 0,5% ao mês até abril desse ano.
No mundo da renda variável é necessário analisar alguns aspectos como: número de empresas de capital aberto existentes neste período e o Ibovespa, principal índice de referência dos ativos do país, que conta com cerca de 60 empresas e que pode ser alterado a cada 4 meses.
Empresas pertencentes ao empresário Eike Batista, como OGX e MMX, já fizeram parte deste índice e por esta razão podem ter distorcido os números em determinados períodos dado as fortes baixas das ações após todo o processo que culminou com o “quase fim” do império X. Obviamente não foram apenas estas empresas, mas fica mais evidente quando citamos em casos como este o curto prazo. Sadia e Perdigão também foram cases emblemáticas e que podem rememorar distorções no Ibovespa em determinados períodos.
Análise fundamentalista
Por isso, é mais assertivo quando falamos nos ativos em si, realizar a chamada análise fundamentalista, que traz projeções de longo prazo, capacidade de gestão das companhias e por consequência o impacto nos números do balanço, independentemente do momento da empresa e de suas diretrizes. Sendo assim, neste mesmo período, o Ibovespa obteve retorno de 792%. Ou seja, abaixo do CDI. Porém, algumas empresas se destacaram fortemente como Lojas Americanas e Vale, com variação superior a 5.000% nas suas ações em 20 anos. Banco Itaú com 3.806% e logo atrás CSN com alta de 2.062%, Sabesp, de 1,218% e Petrobras, de 1,200%.
Raramente vemos gestores de fundos ou investidores em geral que mantem uma posição no mercado de ações por tanto tempo, pois a busca para capturar melhores oportunidades em determinados períodos ocorre com frequência. É o chamado custo de oportunidade. Já no lado da renda fixa, vemos investidores que mantém seus investimentos em um CDB ou até mesmo na poupança por tanto tempo, infelizmente.
Por essa razão, um aspecto para levar em consideração, é que ambos poderiam fazer parte de uma mesma carteira de investimentos, tendo nela ativos de renda fixa e variável. Não há nenhum impeditivo para tal e em muitos casos é possível afirmar que ter 50% em cada modalidade poderia ser uma estratégia mais eficaz, aproveitando-se dos momentos e oportunidades de mercado.
Portanto, uma posição ativa, independentemente do perfil do investidor acaba por ser mais assertiva e pode trazer os melhores retornos no longo prazo.