Desde que Jair Bolsonaro assumiu como presidente da República, os ânimos do mercado pareciam aguçados devido às perspectivas para a economia do país. De fato, muitas movimentações têm ocorrido, mas com altos e baixos que estão impactando os ativos no curto prazo. Logo no primeiro mês do ano, o Ibovespa, principal índice de referência do mercado de ações avançou forte, com alta de 10,8%, enquanto o dólar se desvalorizou quase 6%. O que parecia ótimo sinal em função das perspectivas, agora soa como alerta sobre a “nova política” a ser implementada no Brasil.
Os desencontros com o presidente da Câmara e outros membros do Congresso Nacional, além da troca de farpas entre os aliados nas redes sociais, têm chamado à atenção. Nos 70 dias subsequentes à alta, a bolsa segue com leve baixa e o câmbio subiu novamente para patamares próximos dos R$ 4, algo inesperado para este período.
Além destes entreveros, o presidente anunciou intervenção no preço dos combustíveis, mais especificamente sobre o preço do diesel. Desde que assumiu o cargo, essa ideia parecia ter ficado para os tempos da ex-presidente Dilma Rousseff. Há os que alegam que isso possa fazer parte de uma estratégia do novo governo. Se está certo ou errado, só o tempo dirá, mas o fato é que esta era uma ação não esperada por parte da equipe econômica atual, mesmo com os preços do petróleo subindo 40% em 2019, como o que ocorre até o presente momento.
O livre mercado parecia ser uma marca forte deste novo governo, mas, após a medida, é possível que os investidores reajam com insegurança e perda da confiança. As ações da Petrobrás recuaram 7,8% na última sexta feira diante de tal ocorrido. Já para quem “olha o copo meio cheio”, isso inclusive pode ter gerado uma oportunidade de entrada nas ações visando o longo prazo.
Outra questão é com relação à Reforma da Previdência. Mesmo após viagens aos EUA, Chile e Israel, leilões de infraestrutura realizados, queda de dois ministros, entre outros, o mais relevante neste momento é o ajuste das contas públicas, que passa necessariamente pela Reforma. A cada dia há fatos novos para discutir, mas a Previdência é, e deverá continuar sendo, o principal fato até a realização da votação no Congresso Nacional, que neste momento, parece ter perspectiva de ocorrer no 3º trimestre do ano.
Portanto, continuaremos no curto prazo a visualizar oscilações de alta e baixa na bolsa, no câmbio e nas perspectivas para o crescimento da economia. Todos estes dados e os indicadores do país, como a taxa Selic (taxa de juros), IPCA (inflação), entre outros poderão ficar mais claros apenas após a aprovação da Reforma da Previdência e o seu respectivo tamanho no ajuste fiscal.
Após isso, ao que tudo indica, teremos na sequência uma Reforma Tributária. Pode parecer muita coisa para apenas um primeiro ano de governo. E é. Para levar em consideração todo esse movimento, não podemos desconsiderar o que passamos nesta última década no Brasil. Mesmo com uma base de comparação fraquíssima, dados os percalços do governo Dilma além das positivas decisões econômicas realizadas por seu sucessor, ainda ficaram temas importantes pendentes para serem realizados.
Dessa forma, diante de todo esse cenário complexo, parece difícil tomar decisões sobre investimentos. No entanto, todo este movimento acaba por abrir uma janela de oportunidades. Mesmo o tema taxa de juros, para investidores conservadores e que, portanto, têm aplicações em poupança, CDBs, fundos referenciais de renda fixa, parece claro que terão seus rendimentos cada vez menores diante da possibilidade de manutenção dos juros no menor patamar da história, ou até pela expectativa de ser reduzido, dado a fraqueza da economia nacional ou aprovação da Reforma da Previdência no curto prazo. Sendo assim, os fundos multimercados e/ou mercado de ações continuam sendo alternativas que o brasileiro terá para obter rentabilidade maior às aplicações conservadores. É tudo uma questão de perfil e de risco e retorno, entretanto, será necessário nos adaptarmos a essa nova cultura que já está vigente no mundo dos investimentos no país.
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