Curitiba comemora 331 anos em 2024. Para celebrar, Gazeta do Povo, A.Yoshii e Elo Empresas apresentam uma série de conteúdos que destacam por que a capital paranaense é a cidade mais inteligente do mundo. Entenda como a saúde conectada à tecnologia impacta a qualidade de vida dos curitibanos.
A saúde é uma das questões mais importantes para a sociedade de maneira geral, suscitando debates acalorados em qualquer cidade, estado ou país. Afinal, o acesso à saúde é um direito essencial dos cidadãos e condição indispensável para que eles possam trabalhar, conviver em sociedade e ter uma vida plena.
Nós não precisamos retornar muito no tempo para lembrar do caos que um sistema de saúde sobrecarregado pode causar em uma cidade, como vimos na pandemia.
Por isso, se há um setor que precisa ser beneficiado pelos avanços tecnológicos, esse setor é a saúde. Com novos diagnósticos e tratamentos, muitas vidas podem ser salvas e as pessoas conseguem conquistar mais bem-estar. Mesmo que a gente pense com uma lógica utilitarista, investir em tecnologia na saúde é algo que traz muito retorno, já que pessoas mais saudáveis produzem mais para a comunidade em que vivem.
Tanto a iniciativa privada como o poder público parecem estar cientes disso em Curitiba. É possível observar avanços muito interessantes no que diz respeito à aplicação da tecnologia na saúde, desde o acesso aos serviços até diagnósticos avançados.
Série de Conteúdos 331 Anos: entenda por que Curitiba é a cidade mais inteligente do mundo.
Saúde Já: o SUS curitibano conectado ao século XXI
De acordo com dados do Ministério da Saúde, referentes a 2023, Curitiba conta com 7.144 estabelecimentos de saúde para atender à sua população de 1,9 milhão de habitantes, somando as redes pública e particular. Nesse total, temos 4.681 consultórios médicos, 714 clínicas e 580 policlínicas, além de 110 unidades básicas de saúde, 38 hospitais gerais e 9 unidades de pronto atendimento (UPAs). Ao todo, a cidade tem pouco mais de 5,1 mil leitos hospitalares disponíveis, sendo 2,4 mil pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em todo esse sistema, o conceito de saúde conectada é cada vez mais presente, inclusive na rede pública curitibana.
Um exemplo disso é que Curitiba foi a primeira capital do Brasil a ter prontuários eletrônicos integrados, ainda nos anos 1990. E foi a primeira a oferecer vídeoconsultas quando a pandemia de covid-19 atingiu o país em cheio. Desde 2017, os curitibanos também podem contar com o aplicativo Saúde Já, que torna o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) bem mais prático — diferente do estereótipo da saúde pública que temos em nível nacional.
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O aplicativo começou com poucas funções, como o agendamento do primeiro atendimento na enfermagem, mas foi agregando várias outras funções desde seu lançamento. Com ele, todos os curitibanos usuários do SUS podem consultar informações, obter sua carteira de vacinação — além de agendar atendimento clínico e odontológico nas unidades básicas de saúde do município. Tudo pelo app, sem enfrentar as infames "filas do SUS" presencialmente.
Inclusive, se uma pessoa ainda não possui o cadastro na UBS (Unidade Básica de Saúde) da região, ela pode fazer isso diretamente pelo app.
Com essas funções, o aplicativo Saúde Já se tornou o que a própria Prefeitura define como "a porta de entrada" do SUS curitibano para cerca de dois milhões de usuários do sistema. Com evolução constante, o sistema está sempre recebendo novas funções: uma das mais recentes é o recebimento de resultados de exames direto pelo app.
Segundo a Prefeitura, o Laboratório Municipal de Curitiba (LMC) faz cerca de 650 mil exames, de 144 tipos diferentes, todos os meses. E agora, os curitibanos podem conferir os resultados deles sem sair de casa, no aplicativo Saúde Já.
Central Saúde Já: um legado da pandemia
Em março de 2020, com os primeiros casos de covid-19 na capital paranaense, a Prefeitura criou a Central Coronavírus. O objetivo do serviço telefônico era sanar eventuais dúvidas dos curitibanos e atender a casos leves da doença, que não precisassem de ajuda médica direta.
Com a diminuição dos casos e o fim da emergência sanitária, Curitiba manteve essa central telefônica, mas agora ela tem um novo nome: Central Saúde Já. Todos os meses, ela atende a uma média de 30 mil curitibanos, com dúvidas diversas sobre saúde. Em março de 2024, o prefeito Rafael Greca atendeu a ligação de número 1 milhão do serviço.
Tecnologia em saúde com foco no bem-estar das pessoas
A aplicação das tecnologias na saúde, como se pode imaginar, é ainda mais presente quando olhamos para a iniciativa privada, que tem mais recursos para investir nisso. Um bom exemplo de aplicações práticas é a Unimed Curitiba, a maior operadora de planos de saúde da região: ao todo, são mais de 621 mil clientes, com um market-share (parcela de mercado) de 43,6%.
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A aplicação da tecnologia na Unimed Curitiba começa pelo atendimento aos clientes — que é feito com o auxílio de uma inteligência artificial. A LUCIA (Linha Unimed Curitiba Inteligência Artificial) atende a inúmeras solicitações que não precisam da intervenção de humanos: só em 2023, por exemplo, foram mais de 7.900. Inclusive, ela tem aprimorado seus conhecimentos para confirmar dados da autorização do paciente ou cancelar procedimentos com rapidez.
Os médicos cooperados também contam com o auxílio da tecnologia em seu trabalho. Nesse sentido, a principal iniciativa é a aplicação do sistema EMED, que traz funcionalidades como a agenda online, prontuários por especialidade médica, resultados de exames e autorização de consultas ou exames pela internet. Segundo a Unimed Curitiba, esse sistema já está presente em mais de 40% da rede, dispensando os prontuários em papel e outros sistemas que podem ser menos seguros.
Mas a tecnologia que talvez mais surpreenda os clientes, justamente por sua simplicidade, é a carteirinha digital. Com a identificação dos pacientes via aplicativo, a Unimed Curitiba pôde aposentar o famoso cartão do plano de saúde em 2023. Pelo aplicativo da operadora, aliás, é possível pedir liberação de guias e exames, além de visualizar seus resultados.
O diretor-presidente da Unimed Curitiba, Rached Hajar Traya, pondera que a Unimed já é uma instituição tradicional com 52 anos de operação. Ainda assim, é contemporânea, com seus constantes investimentos em tecnologia e inovação. Investimentos que, segundo Traya, aprimoram os cuidados aos clientes e o apoio aos médicos cooperados.
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“Embora a atividade do médico, em si, dependa do olho no olho, do toque e da anamnese, sabemos que a tecnologia agiliza aquilo que pode ser automatizado. E isso melhora nossos serviços e a qualidade do nosso atendimento, sobrando mais tempo para a humanização”, afirma o diretor-presidente.
Centro de Pesquisa e Inovação
Além de tecnologias para melhorar o atendimento ao paciente, a Unimed Curitiba investe em pesquisa e inovação para trazer novos diagnósticos e tratamentos. Em 2023, foram feitos 53 estudos no Centro de Pesquisa e Inovação Unimed, que envolveram 77 tecnologias.
Desses estudos, um dos mais interessantes é o do medicamento Adakveo, que é comumente indicado para o tratamento de crises vaso-oclusivas em pacientes com anemia falciforme. Por descobertas de um estudo realizado pelos pesquisadores da Unimed Curitiba, foi emitida uma recomendação desfavorável para seu uso na cooperativa. Assim, a própria Anvisa emitiu uma nota para cancelar o registro do medicamento, citando a falta de evidências de sua segurança e eficácia. Com isso, menos pacientes ficaram expostos a ele.
Conecta Unimed Curitiba
Outro projeto da cooperativa que é diretamente ligado à tecnologia na saúde — e, nesse caso, no sentido mais estrito da palavra tecnologia — é o Conecta Unimed Curitiba. Trata-se de um programa de inovação, lançado em 2021, que busca melhorias no processo de gestão por meio de trocas e aprendizados entre os colaboradores, que podem gerar ações e iniciativas únicas.
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A ideia do programa é acelerar o processo de inovação na Unimed Curitiba, permitindo que a resolução de novos problemas e o desenvolvimento de novos serviços se torne mais ágil e eficiente. Um exemplo disso é o projeto piloto com a startup Odapp — que posteriormente foi implantado na Acoolher, unidade própria da cooperativa para terapias especiais.
Saúde suplementar conectada à cidade
Geralmente, as operadoras de planos de saúde, como a Unimed Curitiba, atuam na chamada saúde suplementar — que complementa o Sistema Único de Saúde em suas deficiências. Ou seja, atendendo às pessoas que podem pagar com mais rapidez e oferecendo alguns serviços que ainda não chegaram à rede pública.
Mas não é por atuar nesse outro mercado que a Unimed Curitiba permanece desconectada do contexto geral da cidade. Na verdade, ela realiza diversas iniciativas que contribuem para o bem-estar de toda a comunidade. É o caso de programas como o Mais Vida, de atenção aos idosos, e o Gestação Saudável, para as futuras mamães e bebês que ainda não nasceram.
Também se destacam projetos como Viva Leve, #saiadosofá e Você sem Cigarro, que servem para encorajar hábitos mais saudáveis entre os curitibanos. Com isso, tanto a rede Unimed Curitiba, quanto o sistema público da cidade, ficam menos sobrecarregados com pacientes.
Startups curitibanas revolucionam a tecnologia em saúde conectada
Além das instituições que atuam diretamente no atendimento à saúde, startups de tecnologia também estão trabalhando para revolucionar a área. E Curitiba, com sua fama de "cidade das startups", tem várias health techs que merecem destaque. A seguir, listamos três.
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A RadarFit, fundada em 2018, utiliza a inteligência artificial e a gamificação para estimular os hábitos saudáveis de seus usuários. A IA desenvolvida pela empresa personaliza uma rotina de treino para as pessoas, contando também com treinos guiados por vídeos, meditações e planos alimentares.
Outra health tech curitibana que está ganhando destaque com uma solução inovadora é a 2iM — que trabalha na área de inteligência médica. Ela permite que os estabelecimentos de saúde aproveitem os dados que possuem sobre seu corpo clínico, prestadores e linhas de cuidado. E, assim, a ideia é que os modelos de remuneração e acordos sejam mais sustentáveis.
Por fim, a Hilab é a health tech curitibana que mais ganhou projeção internacional nos últimos anos, com seu minilaboratório de exames que pode diagnosticar diversas doenças com um processo rápido e acessível.
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A empresa já tem 5,1 mil dispositivos tecnológicos em funcionamento em hospitais, farmácias e empresas parceiras. Nesse contexto, os contratos internacionais já correspondem a 50% das receitas da Hilab. A meta é chegar a 70% de participação estrangeira, ainda em 2024.
Para alcançar esse objetivo, a startup trabalha com mais de 200 programadores, especialistas em IA, biomédicos e bioquímicos que trabalham em sua sede na Cidade Industrial de Curitiba.
De Curitiba para o mundo, essas tecnologias que citamos ao longo do artigo têm poder de revolucionar o acesso à saúde, trazendo mais qualidade de vida para todos os pacientes que usufruírem delas. Em especial para os curitibanos, que poderão comemorar muitos outros aniversários da cidade.
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