Todos nós fazemos parte da chamada Geração T ou Geração de Transição. Essa afirmação feita pela futurista Amy Webb durante o SXSW 2024, maior congresso de inovações do mundo, realizado em Austin, propõe que estamos passando por um período da história da humanidade completamente distinto dos demais, no qual vivenciamos um mundo incerto, instável, ambíguo, ansioso e não linear, mas que está se transformando.
O tema também foi parte de um painel do VXII CONPARH (Congresso Paranaense de Recursos Humanos) que contou com o conselheiro de empresas e especialista em inovação, Francisco Milagres, e a caçadora de tendências e futurista, Sabina Deweik, sob mediação da Fundadora da DChemin Resultados Humanos, Daviane Chemin.
Para mais dicas de gestão e informações sobre o mundo de Recursos Humanos, acesse o site da ABRH, Associação Brasileira de Recursos Humanos.
De acordo com Daviane Chemin, este conceito pode ser entendido por um mundo com um passado que não deu certo em termos de sustentabilidade do planeta, cuidado das pessoas na organização e cuidado pessoal, mas que é possível mudar este contexto. “Estamos tendo a chance de escrever uma nova história, um novo tempo está chegando. Para que a gente possa escrever essa nova história, a gente precisa estar consciente das oportunidades que o mundo está trazendo”, declarou.
A geração que vive neste tempo testemunha um cenário de grandes contrastes. A miséria, a fome, a exclusão, as guerras e a corrupção coabitam no mesmo globo com a abundância, a inclusão, a ética, o respeito e a paz. Nas organizações não é diferente. Egos, competição, corrupção, exclusão do diferente, disputas de poder fazem contraste com consciência, ética, espírito de colaboração, inclusão, bem-estar e felicidade.
“É o “egossistema” orientado para interesses individuais, convivendo com o ecossistema, voltado ao bem comum. No contraste ganhamos consciência. O mesmo ser humano que destrói é o mesmo ser humano que cria uma espiral virtuosa de crescimento, felicidade e bem-estar”, pontua.
Todo esse conjunto de informações apontam para um novo tipo de perfil profissional. Passam a se destacar pessoas que são conscientes e capazes de refletir sobre como as ações que estão sendo tomadas impactam a vida das pessoas, mantendo a capacidade de análise crítica para escolher as melhores decisões para o negócio e, ao mesmo tempo, cuidando do outro, sendo resiliente e trabalhando por um propósito maior. Agir de maneira inclusiva, generosa e empática constituem-se em valores fundamentais a serem exercitados nas empresas.
“O custo do resultado a qualquer custo não é sustentável, gera dor e infelicidade tanto para os resultados dos negócios quanto para a saúde das pessoas”, pontua Chemin.
No decorrer das mudanças, as pessoas começam a se dar conta de que elas precisam ser as protagonistas que constroem novas relações com o mundo, pessoas e empresas.
Empresas devem acompanhar as transições
Assim como as pessoas passam pela transição, as empresas também precisam acompanhar os novos tempos. Um conceito em alta ultimamente é o de Organizações Exponenciais, utilizado para representar empresas que crescem em meio a essa transição acelerada, e utilizam a tecnologia à serviço desta expansão.
Mas, para Daviane, as empresas do Brasil ainda não estão tão avançadas quanto deveriam, pois ainda são fundamentadas no modelo comando e controle, onde não existe confiança no poder ilimitado das pessoas para entregarem seus resultados. Algo que se esperava ter mudado após a pandemia.
“Com a pandemia, no home office, os líderes precisaram confiar. Eles não tinham como controlar a vida dos colaboradores dentro de casa. E aí eles passaram a acompanhar os resultados não pelas horas trabalhadas, mas pelas entregas. Só que acabou a pandemia e pouco mudou. Poucas empresas despertaram para este modelo”, pontua.
Para mudar essa realidade é necessário colocar as pessoas no centro das estratégias e das decisões empresariais. As empresas precisam ter convicção, crença no poder criativo, inteligente e ilimitado dos colaboradores. “As empresas não estão preparadas para a transição. Quando tem alguém com perfil protagonista dentro da organização, nem sempre essa pessoa acaba sendo reconhecida por isso”, complementa Daviane.
O primeiro passo para empresas que querem começar a transição deve ser perceber qual é realmente o propósito maior da organização. Para que as pessoas estejam mobilizadas nessa mudança, o propósito deve ser transformador. O segundo passo deve ser compartilhar os valores, os princípios e as metas para que todos possam se enxergar nessa contribuição. Por fim, trabalhar a liderança para ser a ponte entre a estratégia e a ação. Entre elas, estão as pessoas. Para mais dicas de gestão e informações sobre o mundo de Recursos Humanos, acesse o site da ABRH, Associação Brasileira de Recursos Humanos.