O óleo derivado da Cannabis Sativa, que contém mais de 80 compostos químicos, está se tornando popular principalmente nos cuidados com a pele. Os últimos congressos mais importantes na área de dermatologia, como o da Academia Americana de Dermatologia, apresentaram uma possível relação do CBD ao processo de retardar o envelhecimento.
Outro benefício da substância é seu potencial anti-inflamatório, que pode ser ideal para cuidar de problemas de pele comuns, como acne e rosácea. Além disso, é rico em vitaminas A, D e E e ácidos graxos, sendo um poderoso coquetel antioxidante. Portanto, é de se imaginar o quanto o Canabidiol tenha atraído a indústria cosmética nos últimos anos.
No ano passado, a Agência Nacional de Saúde (Anvisa) liberou o extrato de Canabidiol para fins medicinais, a partir de medicamentos vendidos em farmácias sob prescrição médica. Os remédios à base de substâncias da planta podem, por exemplo, auxiliar no tratamento da epilepsia, dores crônicas derivadas do câncer, no combate ao estresse, depressão e ansiedade, entre outras finalidades.
Como a venda de produtos para a pele feitos com cannabis ainda não é regulamentada no Brasil, a solução encontrada pelos empresários foi investir em parcerias em países vizinhos como o Uruguai, o primeiro a legalizar o mercado da cannabis em seu território. Lá é permitido o uso adulto pelos cidadãos, a formação de clubes de produtores para plantar em cooperativa e a compra de produtos em farmácias autorizadas.
Foi buscando estar na vanguarda desse nicho que Afonso Braga Neto e a Productora Uruguaya de Cannabis Medicinal (PUCMed), empresa criada em 2019 por investidores brasileiros e licenciada pelo Governo Uruguaio para o cultivo de cannabis, firmaram uma parceria no início de 2021.
O empresário pretende lançar a linha de cosméticos BeHemp Skin ainda este ano, cujos produtos contêm infusão de CBD. O lançamento será feito em Punta del Este, no Uruguai, e os produtos serão comercializados nos países em que já são liberados como é o caso da Argentina, Colômbia e México, além do próprio Uruguai. A marca aguarda a legalização dos cosméticos à base de CBD no Brasil para operar no território nacional.
“O objetivo das nossas empresas é sempre buscar inovação. Com a Be Hemp não foi diferente. Queremos garantir a qualidade da matéria prima e oferecer um produto com denominação de origem. Por isso, acreditamos que a parceria vai dar super certo”, afirma o empresário.
“A intenção dessa linha de produtos é aproveitar todo o potencial do Canabidiol para promover a saúde e a beleza da pele. Vamos ter produtos específicos para o rosto e para o corpo e apresentar opções de tratamento para celulites, estrias, cicatrizes, manchas, além de trazer frescor e evitar o envelhecimento precoce da cútis”, explica Afonso.
“Também vamos combinar a ação do CBD com outros elementos, como a argila verde, a erva mate, schisandra, goji-berry e peônia”, conta. A opção pela parceria com a PucMed se deu pelo fato de a empresa ser a única com a produção 100% orgânica e hidropônica, garantindo maior qualidade na matéria-prima para os cosméticos.
Grandes marcas internacionais já entraram na onda e investiram no potencial lucrativo da cannabis em países legalizados para lançar linhas específicas de cosméticos; É o caso da francesa Sephora, da inglesa The Body Shop e das americanas Avon e Kiehl's. No Brasil, a história é um pouco diferente, mas Afonso acredita que exista espaço para as startups canábicas, mesmo com as restrições regulatórias.
“Hoje a cannabis não é mais vista globalmente como uma ameaça, e sim como sinônimo de negócio inovador na medicina, na moda, na cosmética. Nosso país pode perder mercado ao ficar atrás de países com legislações mais amplas”, opina o empreendedor. “Mas o mercado brasileiro está em expansão e tem tudo para se desenvolver bem”, completa.