De acordo com uma pesquisa realizada pela ONG britânica Lipoedema UK, apenas 5% dos médicos daquele país afirmam estar preparados para tratar uma paciente com lipedema. Isso porque, embora seja relativamente comum, afetando cerca de 11% das mulheres no mundo, a doença ainda é pouco conhecida no meio médico.
Um dos principais sintomas do lipedema é o excesso de gordura nas pernas e, por isso, ele costuma ser confundido com outras condições que geram o mesmo efeito visual, como a obesidade ou o linfedema (acúmulo de linfa). Os diagnósticos errados geram uma série de tratamentos com pouco efeito, além de muita frustração e estigma social.
"Essas mulheres são pacientes que, muitas vezes, passam por vários médicos, de diferentes especialidades. Mas que, por desconhecimento, nunca conseguiram chegar ao diagnóstico de lipedema", explica a Dra Mariana Thalyta Bertolin Silva - CRM-PR 32246 - RQE 23472 -RQE 27598, cirurgiã vascular e especialista em lipedema. Com frequência, as mulheres chegam ao consultório desmotivadas com relação às suas pernas.
A Dra Mariana Thalyta Bertolin Silva - CRM-PR 32246 - RQE 23472 -RQE 27598 se identifica com essa situação porque ela mesma já passou por isso. "Eu sempre tive dificuldade em achar roupas adequadas e tinha muita vergonha do meu corpo, especialmente no quadril e coxas. Por mais que fizesse exercício e dieta, eu tinha o corpo desproporcional. Até descobrir que tenho lipedema", conta. Ela explica que a doença possui quatro estágios:
- A pele ainda é lisa, há inchaço no fim do dia, que melhora ao levantar as pernas;
- A pele já é mais marcada, com celulite aparente e dolorosa.. O inchaço se torna mais frequente e começam a surgir "coxins" ou nódulos de gordura;
- A pele começa a ficar endurecida, com inchaço constante e nódulos de gordura maiores. Levantar as pernas começa a ter pouco ou nenhum efeito no inchaço e dor;
- A pele é endurecida, os coxins de gordura ficam ainda maiores e sobrepostos, podendo chegar até ao pé. Erisipela e eczema, causado pelo atrito das pernas, pode acontecer. Esse último estágio é chamado de Linfolipedema.
Qual médico trata o lipedema?
Na busca por uma solução para as pernas gordas, corpo desproporcional, dor na celulite e outros sintomas, muitas mulheres passam por uma verdadeira via sacra de consultas, até encontrar um médico especialista em lipedema — na maioria das vezes, cirurgiões vasculares.
O médico capacitado, poderá fazer o diagnóstico correto através da consulta e exame físico direcionados, diferenciando o aspecto da distribuição de gordura, presença dos nódulos de gordura e outros sinais do lipedema. A partir disso, é possível iniciar o tratamento clínico.
"A primeira coisa depois do diagnóstico é o acolhimento: a paciente saber que não está sozinha e que, a partir de agora, vai ter o acompanhamento para alcançar os seus objetivos”, conta a Dra Mariana Thalyta Bertolin Silva - CRM-PR 32246 - RQE 23472 -RQE 27598. Esse acompanhamento envolve dietas específicas para diminuir a inflamação da gordura, exercícios e terapias complementares, além de medicamentos.
O tratamento clínico é indispensável
A cirurgia do lipedema, realizada por lipoaspiração tumescente, é uma opção para casos mais avançados ou com sintomas resistentes, especialmente a DOR. Ainda assim, o tratamento clínico é indispensável — tanto antes da cirurgia, para que a paciente esteja preparada, como depois, para que os sintomas não retornem.
Desse modo, recorrer à lipoaspiração como primeira e única abordagem, não é o caminho ideal para as mulheres com lipedema. É necessária uma abordagem multidisciplinar da doença, incluindo os cuidados realizados pelos profissionais de nutrição, fisioterapia, educação física, endocrinologistas, entre outros.
Dra Mariana Thalyta Bertolin Silva - CRM-PR 32246 - RQE 23472 -RQE 27598 comenta que o lipedema ainda não tem cura, mas pode ser controlado. "Lipedema é estilo de vida, precisa levar os cuidados pelo resto da vida", diz.
Se você tem algum dos sintomas do lipedema, marque uma consulta com a especialista.