O Câncer de mama é o mais prevalente na população feminina, excetuando-se o câncer de pele não-melanoma, e é o tipo com maior mortalidade nesta população. No Brasil, são esperados cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama a cada ano.
Medidas que identifiquem sinais precoces da doença representam a principal ferramenta para conter sua evolução, uma vez que formas de prevenção primária eficazes ainda não estão estabelecidas, por se tratar de doença cuja origem é multifatorial: genética, hormonal e relacionados a hábitos de vida.
Exames de detecção
A mamografia é o método de escolha para o rastreamento do câncer de mama utilizada em todo o mundo e é responsável pela redução da mortalidade pela doença em até 30% onde é incorporada aos programas de rastreamento oficiais.
Como na maioria das doenças oncológicas, também para o câncer de mama vale a definição de que “quanto menor a doença, mais restrita aquele órgão e menos difundida pelo restante do corpo, maiores as chances de cura”, ou seja, a detecção precoce em pacientes assintomáticas é o foco dos programas de rastreamento.
Dra. Ângela Bescorovaine, do setor de mama do CETAC, fala sobre a prevenção do câncer de mama.
Câncer de mama na pandemia
A pandemia pela COVID-19 foi reconhecida pela OMS em 11/03/2020 e, a partir daí, definiu-se uma política de restrição e isolamento da população. Até então era a única medida conhecida capaz de conter a disseminação da doença e a orientação foi para que houvesse priorização no atendimento de urgências e emergências pelo setor de saúde, em detrimento do atendimento ambulatorial (consultas de rotina) e de exames de rotina.
Houve uma significativa redução na realização de exames de mamografia a partir de março de 2020 até o final de 2021.
A Revista Brasileira de Cancerologia publicou em julho de 2022 os dados levantados pelo Sistema de Informática do SUS (DATASUS), responsável pelo controle dos exames de mamografia realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O número de exames realizados em pacientes assintomáticas (mamografias de rastreamento) diminuiu 39,87% em 2020 em relação ao ano de 2019, enquanto em pacientes sintomáticas, ou seja, com alguma queixa clínica relativa às mamas, a redução foi de 21,84 % nesse mesmo ano.
Em números efetivos, 1.705.475 mulheres deixaram de fazer mamografia em 2020. Esses dados oficiais publicados pelo DATASUS se referem apenas às mulheres que buscaram atendimento na rede pública. Essa redução também se estendeu à rede privada.
A queda na busca de exames de mamografia de rastreamento do câncer de mama pela população geral deve refletir no aumento de demanda de exames para os anos seguintes, além de aumento esperado na incidência da doença, refletindo o somatório dos casos previstos para este ano com aqueles que ficaram sem diagnóstico no período da pandemia.
No Reino Unido esse aumento na incidência do câncer de mama já pode ser verificado e ficou em cerca de 9%. Mais preocupante que o aumento na incidência é que o câncer de mama é uma doença evolutiva. A falta de diagnóstico e de tratamento precoces reflete em menores chances de cura e em tratamento mais complexo e agressivo.
E existe ainda o grupo de mulheres que apresentou sintomas suspeitos de câncer mamário durante a pandemia, principalmente nódulo palpável clinicamente e que tiveram seu atendimento e diagnóstico atrasados. Nessas pessoas a doença provavelmente evoluiu, mudando seu estadiamento, alterando o tratamento e, principalmente, suas chances de cura.
O enfrentamento da suspeita diagnóstica de um câncer
Campanhas de conscientização, como as relacionadas ao Outubro Rosa, têm contribuído de forma significativa para difundir informações verdadeiras sobre o câncer de mama. Elas influenciam positivamente as mulheres na busca dos exames de mamografia, reconhecendo ser esta a única medida de prevenção eficaz: detectar precocemente e instituir tratamento rápido.
Considerando-se o déficit que se criou no diagnóstico e no tratamento do câncer de mama no período da pandemia da COVID-19, medidas de incentivo à participação das mulheres no processo de controle do câncer de mama devem ser retomadas.
A busca pelo exame de mamografia para a detecção precoce deve ser incentivada a todas as mulheres com idade acima de 40 anos e, mais do que isso, medidas efetivas devem ser realizadas para identificar mulheres sintomáticas, potencialmente portadoras de câncer e que ficaram sem atendimento neste período.
Realize o exame de mamografia
Após a consulta médica e a indicação dos exames pelo médico especialista, entre em contato com uma clínica de confiança para realizá-los.
Saiba mais sobre o CETAC - Centro de Diagnóstico por Imagem.